E disse-lhes: "Não levem nada pelo caminho: nem bordão, nem saco de viagem, nem pão, nem dinheiro, nem túnica extra.Lucas 9:3
Como estamos prestes a encerrar mais uma Quaresma, período em que todo aquele que se considerar cristão, principalmente católico, tomando como base aqueles 40 dias em que Jesus Cristo orou e jejuou sozinho, num deserto, até estar fraco o suficiente para ser tentado pelo inimigo, e aqueles 40 anos em que o povo hebreu marchou também por um deserto, após sair do Egito, em busca da Terra Prometida, é chamado a fazer reflexões, por meio da oração, do jejum, do sacrifício, da penitência e da caridade, que o conduzam a transformações significativas em sua vida, se tornando também um agente transformador da sociedade e modificador da realidade, fazem-se pertinentes apresentar aqui nossas reflexões, enquanto a Páscoa se avizinha.
Por exemplo, você já reparou que a humanidade quase toda ainda está cruzando, praticamente, a mais longa Quaresma de sua história, ao longo dos últimos 3 anos, desde o começo da Pandemia de COVID-19? Quaresma que, em certos momentos, lembrava uma quarentena, praticamente. Embora o Coronavírus tenha perdido muito de sua força original, as pessoas tenham voltado a sair de seus lares, para trabalhar, estudar ou fazer o que for, e a economia tenha voltado a se movimentar, não se pode negar que a Pandemia ainda repercute, tendo deixado rastros de devastações, em muitas vidas. Some-se a isso o fato de que muitos dos nossos antigos problemas individuais e coletivos foram meio que ignorados, por algum tempo, enquanto estávamos reclusos e tentando sobreviver, em nossas cavernas. Problemas que foram ignorados, porém não resolvidos, nem extintos. Muitos deles estavam apenas hibernando e voltaram até mais fortes, endossando aquela teoria do resto que já foi trazida à baila aqui.
Por essas e outras, de repente, num dado momento, você se sente mais acuado. Sua vida muito limitada, entre quatro paredes. Seus recursos se minguando. Você se vendo obrigado a viver com menos. Como se estivesse num país sob bombardeio, como a Ucrânia, por exemplo. E então você se vê obrigado a meio que entrar num espírito de racionalismo, de economia e de síntese, próprio do sacrifício quaresmal, independente de suas convicções religiosas, procurando cada vez mais ser mais objetivo, no tocante ao que realmente precisa para me manter vivo, neste momento.
Pelo exposto, todos os anos, em cada Quaresma, principalmente, somos convidados a procurar viver com frugalidade, ou seja, com racionalidade, moderação, parcimônia e economia, mas sem se esquecer de quem estiver ao nosso lado, pois a Quaresma é mais que o exercício de um desprendimento que o leve a abdicar, mesmo que temporariamente, de alguns dos maiores sonhos de consumo seus e também da maioria dos brasileiros, por exemplo. É mais que a elaboração de uma lista de cortes orçamentários, urgentes e necessários. É mais que uma revisão forçada de hábitos, por conta de uma situação análoga a uma guerra, mas também uma revisão de seus principais pontos fracos, por exemplo. É mais que um meio de economia material. É, sobretudo, uma economia espiritual e um chamado a uma profunda revisão sobre aquilo com que realmente vale a pena se ocupar e investir.
Sabemos que o mês de março passado próximo, mês que concentrou a maior parte dos dias desta Quaresma, por exemplo, foi um mês difícil, para muitos. Suas águas vieram com toda força, principalmente sobre algumas áreas do Ceará, causando devastação e mortes. Em compensação, os dias e as semanas passaram rápido. O ano, consequentemente, já se faz avançado e, logo mais, ele entrará à termo. Portanto, celebremos, mais uma vez, a Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo, por toda a humanidade, mesmo que alguns prefiram ignorar esse fato e enaltecer outrem, descansemos um pouco neste feriadão, mas não nos permitamos ficar entorpecidos demais, porque ainda precisamos nos manter de olhos bem abertos.
Não podemos encerrar esta postagem, sem antes nos solidarizarmos com as famílias dos pequenos santos inocentes que tiveram suas vidinhas ceifadas, ontem pela manhã, numa creche em Blumenau (SC), por razões ainda não muito bem esclarecidas, mas com certeza torpes o suficiente para permitir tamanho desprezo pela vida humana demonstrado por alguém. Que Deus esteja com todos eles.
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