Reforçando aquela teoria do residuum revertetur, de que o resto sempre voltará, para o bem ou para o mal, no apagar das luzes de 2021, a Prefeitura Municipal de Fortaleza conseguiu emplacar uma ideia retirada do fundo do baú, ou melhor, do fundo da lata de lixo: aprovou uma espécie de "Taxa do Lixo", ou taxa de coleta e manejo de resíduos sólidos. Essa ideia já fora lançada, discutida e engavetada, na Câmara Municipal, há 20 anos. Não surpreende esse retorno, considerando que membros da gestão atual municipal faziam parte da gestão que estava à frente do município, em 2001, ano que marcou o começo do fim de uma era dourada, pelo menos para a administração pública municipal, uma era de grandes realizações, que viria a se desgastar, cedo ou tarde, e ser ofuscada pelos presentes indigestos oferecidos ao povo fortalezense, em seguida. De todo modo, esse problema de um imposto para o lixo parece não ser exclusividade de Fortaleza. Muitos municípios Brasil afora alegam que a legislação federal os obrigaria a criar e cobrar esse tipo de tributação.
A maior parte do eleitorado desta cidade não tem discernimento e esclarecimento suficientes para acessar e processar esse tipo de informação, muito menos a memória boa. Ou então, há muitos interesses e ganhos envolvidos. Seja como for, aqueles que ajudaram a eleger o atual prefeito, que deu continuidade à gestão anterior, praticamente, deveriam fazer uma vaquinha, para pagar esse novo imposto para seus concidadãos. Considerando que, teoricamente, eles são maioria, talvez a despesa não lhes saísse tão pesada. É mais um imposto que vem a se somar às incontáveis tributações que pessoas físicas e jurídicas desta cidade tem que desembolsar, todos os anos, ainda mais num momento em que a economia ainda se encontra combalida, e todos lutamos para sair da Caverna do Dragão desta Pandemia. O que mais poderemos esperar, de agora em diante? Aumentos acintosos mensais, talvez semanais, das tarifas de ônibus coletivos? Uma decadência daquela era áurea das grandes obras, principalmente da malha viária da cidade?
Não culpamos de todo a prefeitura pelo mau uso do estádio municipal Presidente Vargas, convertido às pressas num hospital de campanha, por exemplo, muito embora houvesse outros lugares mais apropriados para a montagem desse tipo de hospital. Ele foi utilizado por pouco tempo e desativado, em setembro de 2020, numa época em que os casos e as mortes por COVID-19 caíam, as perspectivas eram animadoras, e perdia o sentido manter aquele tipo de instalação em funcionamento. Se eles erraram em algo, foi em não ter contado com a possibilidade de uma nova onda de casos e de mortes e em não ter empregado melhor aquele hospital de campanha, que ainda esteve montado, por um bom tempo, e cuja restauração, para que possa ser reutilizado para suas funções originais, deve ser bem demorada e dispendiosa.
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