Mais um carnaval que se vai, mas desta vez sem Carnaval. Mais uma Quarta-Feira de Cinzas, graças à Deus. É mais uma Quaresma chegando. Será? Não, esta Quaresma será parecida com a do ano passado, até certo ponto, mas será também uma travessia mais difícil e decisiva, para a história de humanidade. Na verdade, o mundo já está em Quaresma, há cerca de um ano. Uma quaresma que já se esperava cessar, há mais tempo. No meio do ano passado, quando os casos novos diagnosticados e as mortes por COVID-19 começaram a cair, em resposta às medidas de restrição de funcionamento de estabelecimentos e de circulação de pessoas, principalmente, levando muitas cidades a desativar seus hospitais de campanha, por exemplo, aquilo acendeu a esperança de que a Pandemia estivesse no começo do fim. Entretanto, as quedas nos índices inerentes ao Coronavírus se mostraram muito lentas, terminamos 2020, um ano que, de fato, ainda não terminou, ainda na Pandemia, e a infecção pelo vírus voltou a se intensificar, principalmente devido ao surgimento de novas variantes do vírus, em alguns lugares, como em Manaus, por exemplo, com os efeitos mais devastadores que já vimos, ao ponto de faltar oxigênio engarrafado nos hospitais.
Como você já deve saber, a Quaresma é um período de 40 dias que remonta simbolicamente aos 40 dias em que Jesus Cristo esteve em jejum e oração, num deserto, até ser tentado pelo seu inimigo, quando já se encontrava bem debilitado, ao fim daquela jornada. A Quaresma relembra também os 40 anos em que o povo hebreu migrou por um deserto, após deixar o Egito, rumo à Páscoa, na Terra Prometida. É um período em que somos convidados a desacelerar o ritmo da vida, buscar um lugar seguro para se agasalhar e se aquecer, como no inverno lento, triste e escasso das quatro estações de Vivaldi, por exemplo, colorindo a vida com tons de serenidade e de austeridade, e mergulhar em profunda reflexão existencial, por meio da oração, que nos põe em sintonia com Deus, da caridade, que nos põe em sintonia com o próximo, e do jejum, não necessariamente de alimentos, como a carne vermelha, por exemplo, mas, principalmente, de coisas que costumamos fazer ou ter e que se acumulam na vida, sejam elas boas ou ruins. Ou seja, é um período de renúncias. E você, do que precisaria abrir mão, neste momento? Onde precisaria cortar de sua própria carne, desde que não corte o coração de alguém ou o próprio? Que tipos de sacrifícios você estaria disposto a fazer, pelo bem da humanidade, de seus entes queridos e de seu próprio bem, assim como Ele o fez???
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