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A Pandemia pode ter passado, mas, onde você estiver, não se esqueça de mim.

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Falando em Pandemia, ela se foi, mas o Coronavírus continua entre nós, fazendo vítimas.

Falando em Pandemia, ela se foi, mas o Coronavírus continua entre nós, fazendo vítimas.
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terça-feira, 26 de janeiro de 2021

ENEM? E daí? E nem aí.

 


                Nesses dois últimos domingos, foram aplicadas as primeiras provas do Exame Nacional do Ensino Médio, o ENEM, cujas pontuações são usadas como critérios de seleção para muitas instituições de ensino superior. Distintas entidades tentaram obter judicialmente novo adiamento do certame, devido ao clima de insegurança ainda reinante, no Brasil e no mundo, pela Pandemia de COVID-19. No entanto, o exame foi mantido, exceto para o Estado do Amazonas e para alguns municípios da Região Norte, onde a incidência da COVID-19 tem sido visível e evidentemente muito mais calamitosa do que no restante do país, ao ponto de muitas pessoas morrerem por falta do gás oxigênio medicinal nos hospitais e de um parente de uma delas declarar para a TV que "o pulmão do mundo está sem oxigênio", pois a produção do gás medicinal em escala industrial não tem suprido a demanda, e mobilizá-lo de outras partes do país é difícil, devido às dificuldades de transportes, na região amazônica. Quiçá o momento não fosse mesmo propício para a realização do ENEM. Além do risco aparentemente aumentado de contágio, por conta de aglomerações, nos locais de prova, a maioria dos estudantes não teve condições adequadas e igualitárias de se preparar para as provas. Talvez isso ajude a explicar os mais de 51% de ausentes, no primeiro dia de provas, e de 55%, no segundo dia, por exemplo. Entretanto, a banca organizadora do ENEM poderia alegar que outras provas de vestibulares e de outros concursos públicos têm sido aplicadas Brasil afora, nos últimos meses, como o vestibular da Fuvest, por exemplo, considerado o mais concorrido do Brasil, pois seleciona para algumas das mais visadas universidades paulistas. E isso não tem implicado necessariamente aumento de casos de COVID-19, até agora. Ela poderia alegar também que, nesta edição, os candidatos terão a opção de realizar as provas em formato on line, por meio de computadores e que os candidatos inscritos na modalidade de provas presenciais que estiverem comprovadamente infectados pelo Coronavírus e, portanto e obviamente, impedidos de comparecer poderão requerer participação na reaplicação das provas, que deve acontecer daqui a um mês.


                Você já reparou que, em dias de eleições no Brasil, por exemplo, sejam municipais, estaduais ou federais, tanto no primeiro como no segundo turno, o Brasil praticamente para? Eventos esportivos não acontecem em dias de eleições, por exemplo. Como a maioria dos cidadãos adultos é obrigada a comparecer aos locais de votação, ou justificar a ausência, pelo menos, sendo o caso, acontece que praticamente TODOS os brasileiros acabam sendo envolvidos nos processos eleitorais, voluntária ou involuntariamente.


                Já nos dias das provas do ENEM, o nosso maior processo seletivo ao ensino superior, parece que, no Brasil, nada demais acontece. Os candidatos vão aos locais de prova, enfrentando dificuldades pelos caminhos, sem contar com muito apoio ou solidariedade de quem quer seja. A não ser de seus familiares, e olhe lá. Ao menos um "vai com Deus" ou um "boa sorte", por exemplo, já estariam de bom tamanho. Por vezes até são vítimas de chacotas, principalmente quando chegam correndo em cima da hora, com os portões se fechando. O exame é realizado, grandes eventos esportivos também são realizados, e a vida segue como se nada demais estivesse acontecendo. Não há um envolvimento da sociedade neste processo. Ao contrário do que acontece na Coreia do Sul, a nossa sociedade ainda se mostra muito egoísta. Cada um só pensa no seu. Não há um comprometimento generalizado do povo brasileiro com melhorias da qualidade da educação. Os nossos estudantes estão, praticamente, entregues às próprias sortes. Esperava-se que a Pandemia ajudasse a mudar isso, pelo menos.


                De todo modo, o INEP está de parabéns pela escolha do tema da prova de redação, lançando uma luz sobre a saúde mental, que manda lembranças, aliás, neste Janeiro Branco. Todavia, estariam os candidatos preparados para expor por escrito, em tão pouco tempo, uma reflexão tão profunda exigida como esta? Pelo menos espera-se que tenham aprendido a ter alguma humildade e algum respeito por quem sofre com transtornos mentais, a valorizar também a busca pela saúde espiritual e não visar certas carreiras profissionais apenas pelo status.
 

 

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