Estava vendo uma matéria na última edição do Fantástico sobre a reconstrução do World Trade Center, em Nova Iorque. A obra de uma das torres gêmeas já está quase encerrada. São pelo menos 102 andares dispostos em mais de 500 metros na vertical. Do último andar, tem-se uma visão espetacular do horizonte. Em altura, essa torre ficará inferior apenas aos novos edifícios que estão sendo erguidos em alguns países do Oriente Médio e do Leste Asiático, que estão descaradamente competindo entre si pelo status de possuir o prédio mais alto do mundo. Todo dia surge um novo candidato.
Isto me fez lembrar o livro Olhai os Lírios do Campo, que, conforme dito, foi um dos melhores livros que já passaram por nossas mãos. O protagonista é um médico, Eugênio Fontes, que, em determinado momento de sua vida, conhece o engenheiro Filipe Lobo, homem ambicioso, empreendedor e empenhado em construir, na Porto Alegre da década de 1930, um arranha-céu de trinta andares, à exemplo dos arranha-céus que vira em Nova Iorque. Pretendia-se que o "Megatério", nome dado ao edifício, fosse o mais alto do Brasil. Considerando que, naqueles idos, o maior prédio do Brasil, que era o edifício Martinelli, em São Paulo, já contava trinta andares, então o projeto de Filipe Lobo parecia verossímil demais para que o livro fosse considerado uma obra de ficção científica.
Mesmo assim, perguntamos quais seriam os objetivos e as serventias de tanta megalomania, na realidade e na ficção. Existe a necessidade real de construir prédios muito altos, nos quais as pessoas sintam-se cada vez mais presas lá em cima, com medo de caírem e impossibilitadas de serem socorridas, em caso de um grave incêndio, como aconteceu, por exemplo, no edifício Joelma, em São Paulo, há quarenta anos, enquanto há ainda tanto espaço a ser conquistado aqui embaixo??? Seriam novas tentativas do homem em construir novas torres de Babel, para desafiar Deus e a natureza???
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