"E estava próxima a páscoa dos judeus, e muitos daquela região subiram a Jerusalém antes da páscoa para se purificarem. Buscavam, pois, a Jesus, e diziam uns aos outros, estando no templo: Que vos parece? Não virá à festa?"
Se você voltar algumas linhas, no capítulo que traz o relato acima, há de se deparar com um dos milagres mais belos e emblemáticos realizados por Jesus Cristo, durante sua peregrinação, no meio de seu povo, que foi a ressurreição de seu amigo Lázaro, que morrera quatro dias antes, uma façanha incrível, quando ninguém mais poderia esperar e acreditar (Jo 11, 1-46), e também não acreditariam que, dias depois, o próprio Jesus Cristo faria o mesmo milagre consigo mesmo. Avançando um pouco mais na história, chegando ao capítulo seguinte, verá que, quando ninguém contava mais com a presença de Jesus, na festa da Páscoa daquele ano, eis que ele entra em Jerusalém, de modo meio que apoteótico, montado num jegue e sendo recebido e saudado pelo público com ramos de palmas (Jo 12, 12-16).
Trazendo para a nossa prática cotidiana e contemporânea a passagem acima, você já reparou que, por vezes, em certas competições esportivas e até mesmo em certas campanhas eleitorais, surgem, meio que de repente, novos nomes de competidores/candidatos que se destacam e que podem chegar até a superar seus concorrentes? Na política, principalmente, tem sido cada vez mais comum que indivíduos relativamente pouco conhecidos do grande público surjam, em condições desfavoráveis, e disparem, do meio para o fim da corrida, ultrapassando todos os demais, como na historinha infantil do coelho e da tartaruga.
À despeito de esportes ou de política, quem dentre nós nunca se deparou com uma situação análoga àquela descrita no trecho do Evangelho supracitado? Quem nunca passou por um momento na vida em que estava sem esperanças, sem contar que algo muito positivo viesse a lhe acontecer ou que alguém muito importante viesse a se fazer presente? E eis que, de repente, a vida lhe dá um presente. Aquele evento, aquela graça e aquela pessoa surgem em sua vida, como uma luz no final de um túnel, quando você menos esperava ou quando já não mais contava com eles.
Por fim, poderíamos também comparar o enxerto acima, guardadas as devidas proporções, ao clássico conto de fadas Cinderela, em que surge no baile real, para dançar com o príncipe, aquela princesa misteriosa e inesperada, que, na verdade, era a última donzela do reino com cuja presença se poderia contar, até ela conseguir um apoio inesperado, para se aprumar, ir ao palácio jogar seu feitiço no príncipe e voltar correndo para casa, antes da meia noite, numa espécie de "bate e volta".
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