Na tarde da última segunda-feira, por volta das 4h, o Brasil foi tomado de surpresa por uma notícia bombástica que pode mudar os rumos da história, motivo até para interrupção da programação, por um plantão da Rede Globo: o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, determinou a anulação de todas as condenações do ex-presidente da República Luiz Inácio "Lula" da Silva, no âmbito da operação Lava Jato, que foi recente e praticamente desarticulada. Deste modo, ele recupera, ainda que temporariamente, seus direitos políticos e a elegibilidade para 2022. As alegações seriam de que a Justiça Federal do Paraná não seria competente para julgar o caso e de que o juiz e os procuradores que atuaram no caso não teriam agido com imparcialidade. É tanto que, na tarde de ontem, a suspeição do então juiz do caso, o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro, foi posta em julgamento, na Suprema Corte. E, de herói nacional, ele foi transformado em vilão.
Independentemente de questões político-partidárias, se a decisão foi justa ou não, isso não vem ao caso, no momento. Até porque uma coisa é você não gostar do ex-presidente em questão e pensar que ele fez más gestões, nas duas oportunidades em que esteve à frente do governo. Outra coisa é aceitar que ele seja convertido num criminoso, a todo e qualquer custo, e tenha sua imagem pública arranhada indevidamente. No entanto, o que desperta mais estranheza é que esse tipo de decisão tenha demorado tanto tempo a sair e que um ministro tenha tido cabeça para se sentar, julgar esse tipo de causa, de um caso tão volumoso, tão polêmico e já dado como encerrado, e tomar esse tipo de decisão unilateral tão fortuitamente e em vigência de plena Pandemia. A imagem passada de insegurança jurídica do Brasil para o mercado financeiro deve ter sido reforçada por esse evento, que culminou em quedas nas movimentações das bolsas de valores e em mais aumentos da cotação do dólar, tudo acompanhado por mais um coincidentemente oportunista aumento dos preços dos combustíveis. Não acreditamos que o ministro da Suprema Corte tivesse pensado a respeito disso, ao fazer seu trabalho e dar sua sentença. Assim, o Brasil e o mundo parecem estar se esfacelando, em todos os sentidos, como os icebergs que se desprendem, natural e periodicamente, da Antártida, por exemplo.
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