Semana passada, a Secretaria de Segurança Pública do Ceará divulgou redução dos números de roubos registrados no Estado, ao longo dos últimos doze meses, além de outros bons indicadores que, ao menos na teoria, apontariam para uma redução da criminalidade. Mas parece que não é isso que o cidadão comum percebe. Pergunte se a família de Igor Abreu, fonoaudiólogo com pouco tempo de formação, a quem dedicamos esta postagem, morto num assalto, na manhã de ontem, em Caucaia, na Grande Fortaleza, quando ia trabalhar, ou se as famílias de todas as vítimas fatais da COVID-19, por exemplo, têm algo a comemorar. Enquanto a violência nas ruas, pelo menos aos olhos do sujeito, parece aumentada no Ceará, onde os bandidos parecem se beneficiar cada vez mais, à sombra da Pandemia, já na Paraíba, ela parece retroceder. Alguns jornalistas de lá chegaram a relatar que os bandidos, ao serem presos, se queixam à polícia de encontrar dificuldades para cometer crimes, por terem dificuldades em encontrar gente nas ruas para incomodar, e, assim, têm enfrentado dificuldades para sobreviver. Não obstante, mesmo na Paraíba, não deixa de se manifestar gente oportunista e canalha o suficiente para saquear a casa de um casal que faleceu vitimado pela COVID-19, em Cajazeiras, poucas horas após o anúncio da morte, como se já estivesse à espreita esperando e como se fosse um cupim a devorar tudo que vê pela frente usando o instinto e a fome como desculpas.
Na maior parte do Brasil, seria como se tivessem soltado de propósito bandidos nas ruas para intimidar os cidadãos a sair de casa, como disseram que fez um certo chefe de Estado, que teria soltado leões nas ruas de seu país, uma notícia que já se comprovou improcedente. Na prática, para a realidade brasileira, até que faz algum sentido, considerando que a população carcerária foi enquadrada como “grupo de risco”, colocada mais uma vez na condição de “pobres coitados” e muitos deles foram libertados para cumprir suas penas em regime aberto ou domiciliar, por vezes com tornozeleiras eletrônicas, pelo menos teoricamente, além de potencialmente elencados para figurar entre os grupos prioritários para a vacinação. Assim, eles desfilam cada vez mais pelas ruas, como se fossem os reis desta selva de pedra. E o poder público parece conivente com isso, de braços cruzados. Não se sabe ao certo o que mata mais: se é o Coronavírus ou se é o próprio ser humano mesmo. Só se sabe que a vida humana vale cada vez menos.
Não desejamos a desgraça de alguém, mas você conhece algum desses membros de facções criminosas que tenha contraído o Coronavírus, sido internado em estado grave ou mesmo morrido por causa da COVID-19? A maioria deles, certamente, continua morrendo por causas externas, embora eles continuem saindo de onde moram, andando livremente pelas ruas usando máscaras, o que é ótimo para eles, pois lhes dificulta serem identificados, e acreditando piamente terem “corpos fechados”. Eles seguem saindo de suas "quarentenas", para onde voltam, logo em seguida, como ratos que voltam correndo para as tocas ou baratas que voltam correndo para os ralos dos banheiros, depois de corroerem a comida que encontram à disposição, na cozinha. São seres subterrâneos, de vidas sub-reptícias, que surgem do nada para matar, roubar, destruir e alterar os rumos da história aos seus modos, e desaparecem do nada, sem deixar rastros, mas a polícia consegue chegar até eles, rapidamente, quando ela quer. E ainda querem que você sinta piedade daquelas feras, palavra e sentimento que eles, em geral, desconhecem e não conseguem ter, com relação aos seus semelhantes, zombando da morte, para outras pessoas, e desconsiderando que ela também possa atingir à eles próprios ou seus familiares. E, assim, por aqui, a vida humana segue cada vez mais desvalorizada, na contramão do dólar e da gasolina.
XXXXX
Nenhum comentário:
Postar um comentário