Segundo estudiosos, a morte de Nosso Senhor Jesus Cristo pregado naquela cruz ter-se-ia dado por um conjunto de fatores que contribuíram para um declínio lento e progressivo de suas funções vitais como, por exemplo, hemorragias difusas pelo corpo, que teriam culminado num choque hipovolêmico. A causa da morte de Jesus Cristo poderia se resumir basicamente a um grande politraumatismo, em consequência das múltiplas agressões físicas e morais que lhe foram infligidas, por horas a fio.
Entretanto, o que mais chama a atenção e o que teria tornado aquela morte mais longa e mais agonizante foi a asfixia decorrente do estiramento forçado da musculatura da caixa torácica, em decorrência da fixação dos membros superiores e inferiores, principalmente superiores, em abdução (abertos), às extremidades da cruz. Somem-se a isso as dores difusas que ele deve ter sentido por todo o corpo, os hematomas e os cortes profundos na pele, principalmente na musculatura já fadigada. E toda vez que ele respirava, ele precisava empreender um esforço hercúleo de contrair as musculaturas dos membros, empurrando os pés contra a base da cruz, para tentar suspender um pouco seu corpo para cima, e tentar contrair os músculos da caixa torácica, a fim de expirar. Devia ser um processo muito doloroso e ineficiente, no tocante às trocas gasosas, que o deve ter levado a uma hipóxia também. Entretanto, em seu último suspiro, às 3h da tarde de uma sexta-feira nebulosa, Ele conseguiu reunir todas as suas forças, e teve fôlego suficiente para dizer suas últimas palavras, em tom audível: "Pai, aqui entrego meu espírito. Tudo está consumado".
Pela crucificação, os romanos objetivavam eliminar seus piores inimigos públicos da forma mais humilhante, mais lenta e mais agonizante possível. Ele tinha que ficar lá, suspenso no alto do madeiro, para sofrer muito, ser bastante ridicularizado e servir de exemplo para aqueles que pensassem em contrariar algumas normas vigentes. Mesmo assim, os condenados tinham direito a beber algo que lhes servisse como uma espécie de sedativo, para turvar a consciência e amenizar a dor: uma mistura de vinho, incenso e mirra. Jesus recusou a bebida, muito embora já tenha recebido ouro, incenso e mirra, ao nascer. Naquele momento, o ouro seria a própria crucificação, o auge de sua existência, através da qual ele seria glorificado. Deve ter sido, por essas e outras que, horas antes, Ele rogou ao Pai que lhe afastasse aquele cálice.
Fato curioso é que, mesmo politraumatizado, não teriam sido constatadas fraturas ósseas no corpo de Jesus. Talvez, no máximo, algumas luxações em articulações estratégicas, como nos ombros, por exemplo, ao se ver obrigado a carregar a própria cruz pesada, por alguma distância. Os dois condenados que foram crucificados com Ele tiveram as pernas quebradas, para que morressem por asfixia e dor mais depressa, mas Ele, não, como disse o evangelista João, o mesmo que foi incumbido por Ele de cuidar de Maria, Sua mãe, no capítulo 19, versículo 36: "Porque isto aconteceu para que se cumprisse a Escritura, que diz: Nenhum dos seus ossos será quebrado".
Ao contrário do que muitos pensam, principalmente aqueles que dizem que Jesus foi uma espécie de precursor do comunismo, porque algumas atitudes dEle encontrariam ressonância em algumas coisas que o comunismo pregava, pelo menos na teoria, na verdade Ele nunca se posicionou aberta e diretamente contrário ou favorável a qualquer corrente política de sua época. Ele mesmo fazia questão de enfatizar que "o meu Reino não é deste mundo". E isso frustrou muita gente. Muitos deixaram de segui-lo e se voltaram contra Ele, devido àquela sua aparente neutralidade.
Por essa aparente neutralidade política, em princípio, Cristo não representava ameaça alguma ao Império Romano. Tanto é que Pôncio Pilatos fez o possível para tentar evitar que Ele fosse crucificado, mas acabou cedendo às pressões do povo hebreu dividido e instigado pelos fariseus, bem como dos próprios fariseus e dos sacerdotes. Mesmo tal resistência de Pilatos não teria evitado que, segundo fontes históricas controversas, tempos depois, o imperador romano da época, um homem muito doente e desenganado por seus médicos, que tinha ouvido falar dos milagres de Jesus, mandasse destituir Pilatos do cargo de procurador e prendê-lo, sob acusação de traição, com um recado mais ou menos assim: "você matou um homem santo e o único homem da face da Terra que poderia me curar". Acredita-se que Pilatos teria cometido suicídio, anos mais tarde, carregando em sua consciência o peso da culpa pela morte de Cristo, assim como Judas Iscariotes. Acredita-se ainda que ele tenha sido também convertido ao Cristianismo.
Na verdade, Jesus Cristo só passou a ser considerado efetivamente inimigo de Roma, depois de suas morte e ressurreição, quando cada vez mais pessoas creram nele, abandonando os paradigmas das tradições antigas e virando as costas para os interesses do Estado romano, resultando em maciça desobediência civil e migração para comunidades autônomas e paralelas. Obviamente, os césares não gostaram de saber que tinham um concorrente à altura deles e que atraia muito mais gente que eles. Por isso, passaram a persegui-lo, perseguindo e massacrando seus seguidores, na ânsia de, quem sabe um dia, conseguir lhes sufocar a fé e fazer desaparecer o que eles consideravam uma lenda. E foi assim que Saulo de Tarso, depois conhecido São Paulo, conseguiu encontrá-Lo, e transformar sua vida e as vidas de muitos que ouviram ou leram seus testemunhos.
Você deve estar se perguntando porque falamos tanto sobre a morte de Jesus na cruz, até agora. Olha, assim como Jesus Cristo sofreu com asfixia, em seu leito vertical de madeira, guardadas as devidas proporções, muitos dos pacientes com COVID-19 estão nos leitos de UTIs sofrendo com falta de ar, por mais que estejam sendo bem assistidos e se empreendam esforços em lhes fornecer gás oxigênio medicinal e outros insumos que façam necessários aos seus cuidados. Nem sempre tem sido possível salvar todos eles, por mais que se empreendam esforços nesse sentido. Assim, seguimos sentindo a morte passar ao nosso lado e perdemos muitos dos nossos entes queridos e companheiros de trabalhos. Por essas e outras, o Governo do Estado resolveu por bem estender o estado de lockdown por mais uma semana, já com vistas a um retorno lento e gradual à normalidade, doravante.
Dedicamos esta postagem a todos os mais de 330 mil brasileiros que já foram mandados pela COVID-19 para a oficina de Deus, em especial profissionais da saúde que foram por ela abatidos, nos últimos dez dias como, por exemplo, Cláudio Falcão, médico cardiologista, Cristina Bezerra, psicóloga, e Ariel Scafuri, médico urologista, além do cantor Agnaldo Timóteo e do radialista Will Nogueira. Que Deus acolha a todos, em sua infinita misericórdia. Não podemos, mesmo assim, nos furtar de cumprimentar os amigos Daniel Lewi, médico ortopedista, Bruno Mapurunga, médico urologista, e Talita Carneiro, médica de família, pelas recentes passagens de seus aniversários. Continuemos rezando pela recuperação de nossos semelhantes que ainda estão lutando pela vida, como o humorista Paulo Gustavo, por exemplo. Enfim, desejamos a todos uma Feliz Páscoa, ainda que meio tardiamente.
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