Foi também em princípios de 2005 que aquela história de amor que começamos a contar noutra postagem, de amor entre a terra da Teoria da Relatividade e um dos maiores rebentos de suas entranhas, se uniu à história de vida do dr. Tony Harrison, nosso colaborador maior, que se tornou mais um filho da terra, um sobralense de coração, naqueles anos mágicos de sua vida em que ele lá esteve, vivendo uma nova realidade, de onde acompanhou duas Copas do Mundo e uma edição dos Jogos Olímpicos e aprontou muito, na companhia dos amigos Adolfo, Felipe e Herbert. Ele, que saíra do ensino médio, alguns anos antes, sem saber ao certo o que queria da vida, sabendo apenas que gostava muito de química e de biologia, depois de viajar por outras paragens, não teria chegado lá, não fosse pela insistência de seus pais, que o exortaram a não desistir da possibilidade e do objetivo de vir a ser médico, um dia, de um jeito ou de outro. Ele chegou a ter a oportunidade de estudar numa escola médica de sua cidade de origem, mas abriu mão dela, em nome da liberdade, e resistiu à insistência de seus pais para voltar e continuar seus estudos médicos na capital.
Foram tempos gloriosos, nos quais se vivia com algum relativo conforto, mesmo vivendo com pouco, numa cidade pequena e aconchegante, com apenas uns duzentos mil habitantes à época, mas que já oferecia quase tudo que uma grande metrópole oferece, para o bem e para o mal. Quem morava naqueles bairros limítrofes e bucólicos da cidade, como o Derby, por exemplo, experimentava uma certa proximidade com a natureza, principalmente em dias de chuva. Proximidade assim com a natureza não se vê igual, em cidades maiores.
Por vezes, vinham algumas fugas dissociativas para a Serra da Meruoca. Eram fugas dentro da fuga, já que a migração para Sobral por si só já era uma fuga da realidade, por um longo e largo caminho, através de um eterno campo recheado de morangos, assim como aquela fuga de Belchior, ilustre filho da terra, que também chegou a cantar que tudo era lindo, perfeito e maravilhoso, cuja fuga terminou com sua fuga compulsória do mundo, há quatro anos.
Eram dias de descobertas. Com as mentes iluminadas, ensinando e aprendendo a pensar fora da caixinha. Eram tempos em que, sem ter a noção do tamanho da real importância daqueles dias, não se imaginava a falta e a saudade que eles fariam hoje. Eram tempos que poderiam ter sido muito mais bem usufruídos e absorvidos ao máximo. Mesmo assim, foi uma experiência e tanto. Deu para aprender muita coisa por lá, embora seis anos ainda fosse pouco tempo para aprender tanta coisa, mas foi possível obter conhecimentos de mundo que, aliás, não se limitam à medicina, e que até poderiam e deveriam ser compartilhados também com todas as pessoas.
E tornou-se possível aprender muito mais ainda, depois que ele saiu de lá e ganhou o mundo, solto na buraqueira. Assim, abriram-se a mente e a inteligência por novos caminhos, conquistando a liberdade para ganhar asas e voar, com ou sem bebida "energética". Você sempre sonhou em estar lá e aproveitar ao máximo tudo que a viagem tinha a oferecer, deixando tudo transformado ao seu redor, mas ficou sempre aquele gostinho de "quero mais", de uma época em que ERA FELIZ E NÃO SABIA DISSO.
Por isso, de sua parte, somente muitos orgulho e gratidão. E você deve mesmo seguir agradecendo a Deus pelo que Ele lhe deu e por ter e estar o que tem e onde está hoje, respectivamente, mesmo depois de uma dura convocação para voltar a servir à realidade dessa vida corrida e maluca de adulto. Isso foi apenas um chamado a ser cada vez mais um facilitador de acesso à felicidade para seus semelhantes e sobre a necessidade de parar tudo que fizer, de vez em quando e de otimizar o uso do tempo que lhe resta, agora que você já sabe que há uma nítida diferença entre estar na casa dos vinte anos e na casa dos trinta, já margeando os quarenta, que não dá para descrever com palavras.
Continua...
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