Depois da convocação de Jerry Adriani para a oficina divina de artes, chegou a vez do senhor Antônio Carlos Gomes Belchior Fontenelle Fernandes, ou simplesmente Belchior, ser convocado, há uma semana. Filho de Sobral, de onde partiu, quiçá inspirado na música do vídeo acima, Born to be wild, na juventude, primeiramente para tentar a vida religiosa, depois para tentar ser médico, até fazer carreira no show business, na verdade, ele já vinha tentando fugir do mundo há uns dez anos, pelo menos, desde que, sem mais nem menos, deixou seu domicílio, seu trabalho e seus problemas para trás e partiu tomando rumo ignorado, deixando até mesmo seus familiares sem notícias e apreensivos, até ser pontualmente localizado, anos mais tarde, refugiado num país vizinho, e, mais adiante, alçar voo rumo à oficina celeste, a partir de uma cidadezinha gaúcha.
Quem nunca teve vontade de fazer algo parecido com o que ele fez, quando bate aquela vontade de jogar tudo para o alto, casa, família, amigos, trabalho, problemas, enfim, sua vida antiga, e ganhar as estradas em busca de liberdade, principalmente naqueles dias em que você se sente cansado de fazer tudo sempre do mesmo modo que considera correto, e percebe que, apesar de tanto esforço, sua vida não está progredindo conforme o esperado, e que não está bem consigo mesmo, nem com seu ambiente e nem com sua vida??? Ou seja, você quer fugir da vida que leva e se dissociar um pouco dela, a ver se o mundo se esquece de você por algum tempo, mas não sabe como fazê-lo.
Como dito, você há de convir que a morte de qualquer pessoa normalmente entristece qualquer um, mas, em se tratando de um cantor, a morte ganha um contorno especial e com repercussão bem maior, não apenas pelo fato de ser um cantor famoso, mas também porque um cantor toca e marca as vidas de muitas pessoas, com sua a voz cantada e com as letras das canções que ele canta. Canções que não são necessariamente suas composições e não necessariamente refletem suas opiniões ou experiências pessoais, mas que costumam entrar em ressonância com opiniões ou experiências de muitos ouvintes, os quais não mais terão oportunidades de ouvir aquela voz cantada, a não ser através de gravações.
Por hoje, encerramos aqui, deixando uma singela homenagem a um certo e eterno rapaz latino americano, que, com suas canções meio melancólicas, ora citando Beatles, ora citando Luiz Gonzaga, ora citando outros pensadores, procurou justificar sua vontade de ganhar o mundo um tanto refreada pelo medo de viajar de avião e nos fez parar e pensar um pouco mais na vida. Tenha uma ótima e produtiva semana.
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Belíssima homenagem a Belchior
ResponderExcluirLegal. Sou fã!
ResponderExcluirMuito bom. Bela homenagem e ótima reflexão.
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