Cantarei para o meu amigo o seu cântico a respeito de sua vinha: Meu amigo tinha uma vinha na encosta de uma fértil colina. Ele cavou a terra, tirou as pedras e plantou as melhores videiras. Construiu uma torre de sentinela e também fez um tanque de prensar uvas. Ele esperava que desse uvas boas, mas só deu uvas azedas. Agora, habitantes de Jerusalém e homens de Judá, julguem entre mim e a minha vinha. Que mais se poderia fazer por ela que eu não tenha feito? Então, por que só produziu uvas azedas, quando eu esperava uvas boas? Pois, eu lhes digo o que vou fazer com a minha vinha: Derrubarei sua cerca para que ela seja transformada em pasto; derrubarei o seu muro para que seja pisoteada. Farei dela um terreno baldio; não será podada nem capinada, espinheiros e ervas daninhas crescerão nela. Também ordenarei às nuvens que não derramem chuva sobre ela. Pois bem, a vinha do Senhor dos Exércitos é a nação de Israel, e os homens de Judá são a plantação que ele amava. Ele esperava justiça, mas houve derramamento de sangue; esperava retidão, mas ouviu gritos de aflição. Ai de vocês que adquirem casas e mais casas, propriedades e mais propriedades até não haver mais lugar para ninguém e vocês se tornarem os senhores absolutos da terra. O Senhor dos Exércitos me disse: "Sem dúvida muitas casas ficarão abandonadas, as casas belas e grandes ficarão sem moradores.
O sujeito, andando pelas ruas do bairro onde passou a infância, vendo o que sobrou da casa onde morou e recordando o passado, se lembra bem de quando aquelas ruas e avenidas com suas praças, terrenos baldios, campinhos de futebol, igrejas e estabelecimentos comerciais eram plenos de vida, ocupados por pessoas, principalmente por crianças como ele, sem medo, sem culpa e sem preocupação. Ele também se lembra vagamente de que, naqueles tempos, enquanto estava observando aquelas cenas por dentro, uma voz lhe dizia, em pensamento: “Guarde bem esta visão, pois ela não é eterna, e, um dia, você sentirá falta dela”.
Outrora, aquele bairro era pleno de vida em qualidade. Seus moradores, em sua maioria, viviam relativamente bem e felizes, como numa cidade do interior, mesmo não dispondo de tudo que queriam e morando longe do centro da cidade. Hoje, a vida se evadiu daquele lugar, que começou a morrer mesmo, muito antes da Pandemia. Por inúmeras razões, a vida no lugar perdeu o sentido, como se todos os substratos vitais, como o ar puro que outrora lá se respirava, por exemplo, lhe tivessem sido cortados. O lugar, em suma, parece estar morto como Chernobyl está, depois de um acidente nuclear, há 35 anos, tornando-se exemplo de abandono e de deterioração potencializada por traças, cupins e ratos infiltrados dentro da espécie humana.
E você talvez pergunte se, algum dia, poderá aquela terra ser salva, recuperar sua fecundidade e voltar a irradiar e atrair vidas ou se está mesmo condenada a ficar devastada para sempre. Bem, para Deus, nada é impossível. Se o Seu próprio filho mesmo chegou a dar como que um mergulho nas trevas, quando tudo parecia perdido, para depois ressurgir como uma fênix, algo que podemos relembrar e constatar, por estes dias, por quê não???
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