O ser humano vive a vida como se percorresse um caminho onde não dá para enxergar muito do que está adiante e não há outra coisa a fazer, a não ser caminhar, às vezes podendo até correr. Não se sabe ao certo onde ele vai dar. Acredita-se, pelo menos, que Deus esteja à sua espera, no final, e se tem a certeza de que não é possível parar, tampouco retroceder, mas apenas caminhar continuamente, de um modo ou de outro, até que a estrada se acabe, de repente.
Quando sabemos que alguém parou de caminhar, surge uma dúvida: a caminhada foi interrompida, súbita e precocemente, quiçá por ele próprio, que desistiu de caminhar, ou seu caminho chegou mesmo ao fim? Quando alguém chega ao final da trilha, não se sabe ao certo se é algo a lamentar ou comemorar. Apesar de tamanhas incerteza e insegurança no caminho, o ser humano em geral não quer sair dele. Pelo contrário, quer prolongá-lo, ao máximo, quer aproveitar também as belezas do caminho, quando elas existem, ou ao menos sentir o gosto da caminhada, porque enquanto está caminhando está vivendo.
Para alguns, o caminho também pode ser percorrido à bordo de um carro, dirigindo por uma estrada pavimentada. Todavia, a qualquer momento, esse carro pode parar, no meio da estrada, por um motivo qualquer. E você pára de rodar, juntamente com ele, obviamente. Ou então pode acontecer de você ficar no meio do caminho, e o carro seguir adiante, sem você. Já parou para pensar nisso, em como seria esse carro circulando, sem você na direção, ou como seria sua vida, sem você???
O ser humano tenta de todas as maneiras superar a iminência do encontro inevitável com a interface entre a vida e a morte. Ele pode simplesmente se resignar e aceitar que o caminho tem um fim e questionar sobre o que há além dele. Por mais difícil que seja a vida, a maioria das pessoas quer se manter viva. Porque a morte é uma fuga involuntária, abrupta e irreversível desta realidade, deixando tudo para trás, e um mergulho numa penumbra desconhecida, embora Jesus Cristo, através de Suas morte e ressurreição, já tenha jogado luz sobre ela. Quem não se sente assustado e arrastado cada vez mais para perto da morte, ao vê-la sugando as pessoas ao redor, principalmente em tempos de Pandemia???
Embora os caminhos sejam individuais, enquanto aqui caminhamos, nossos caminhos também sofrem alguma interferência, ao cruzarem outros caminhos. Deste modo, no dia a dia, estamos sujeitos às intempéries da natureza, principalmente da natureza humana. Se tudo estiver calmo, lá fora, aqui dentro também estará tudo calmo. Todavia, se houver alguma tempestade lá fora, e as pessoas começarem a se agitar, isso se refletirá negativamente aqui dentro. E nada podemos fazer contra isso, porque não temos controle sobre a natureza, mesmo sobre a natureza humana, tampouco sobre nossos destinos. E isso nos deixa mais angustiados ainda. Entretanto, se servir de conforto em saber, suas escolhas devem tornar seu caminho o mais aprazível possível, e ele o conduzirá ao melhor destino possível. É fundamental tentar tratar bem coisas, criaturas e tudo mais que encontrar pelo caminho, com educação, respeito, dignidade e, se possível, com amor. Nem todos os caminhos levam aos mesmos lugares, infelizmente. É preciso saber escolher.
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Refletir sobre o caminho não nos leva a vivê-lo da melhor maneira. Viver e caminhar é deixar fluir a vida. Adorei o texto.
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