Como os novos ocupantes de cargos políticos estão tomando suas posições e definindo seus papéis, no cenário político de Brasília, a votação no Congresso Nacional daquela tão prometida e cada vez mais necessária reforma da Previdência parece estar cada vez mais iminente, mas ainda deve dar muito o que falar, pois cada categoria profissional vai defender seus privilégios com unhas e dentes, e há um tenso jogo de interesses nos bastidores.
Considerando que há um aumento progressivo da demanda pelos serviços previdenciários, se a Previdência Social ainda não estiver em déficit financeiro, ela pode entrar em colapso, se providências não forem tomadas.
Serviços de saúde são cada vez mais buscados por interessados em tentar comprovar incapacidades laborais,
próprias ou de familiares,
físicas ou mentais, temporárias ou permanentes, consequências de algum trabalho
ou não, a fim de pleitear todas as modalidades possíveis de auxílios previdenciários. Já haveria uma certa banalização nessa busca dos cidadãos, onde previdência e assistencialismo volta e meia se confundem. Por isso, o INSS está revisando as concessões de benefícios, convocando pessoas que recebem algum provento previdenciário e que não foram avaliadas, nos últimos dois anos. Isso tem deixado muita gente com as barbas de molho.
Em geral, quem entra no auxílio-doença, por exemplo, não quer mais sair, fazendo o possível e o impossível para prorrogar seu recebimento, até vislumbrar a possibilidade de uma aposentadoria por invalidez, em definitivo. São poucos os que desejam se recuperar para voltar ao mercado de trabalho e se consideram competentes o suficiente para isso. Em parte, isso é explicável por um fenômeno psíquico chamado neurose de compensação, que consiste na exacerbação desproporcional, umas vezes inconsciente, outras vezes tendenciosa, de sintomas físicos por fatores psicológicos, que acontece, em geral, quando a pessoa encontra reforço na família ou na cultura, para ficar em sua zona de conforto. Há aqueles que, não satisfeitos em viver às expensas de pensões ou de aposentadorias precoces, se declaram (ou declaram os seus) portadores de deficiências, conforme conveniências, a fim de pleitear mais direitos, como, por exemplo, gratuidade nos transportes de massa, compra de veículo com desconto, estacionamento em vaga especial, prioridade em filas, entre outros. Raramente se veem aqueles mesmos indivíduos se valerem de seus supostos status de PcD para se candidatarem às vagas de empregos reservadas à esse grupo.
Compreende-se que há casos em que o poder público não quer assumir responsabilidades pelos cidadãos que, além de plena e indubitavelmente incapazes de trabalhar para produzir a contento e para se sustentar, são também incapazes de conviver com segurança, harmonia, qualidade
e autonomia em sociedade e na família. Se o poder público tem implementado uma política de saúde mental capenga que obriga o cidadão e a comunidade a arcarem praticamente sozinhos com aquelas responsabilidades, espera-se que ao menos eles sejam reembolsados, então.
Aposentar-se mais cedo, para aproveitar a vida, sem trabalho e sem preocupações tornou-se sonho de consumo de muitos brasileiros, mas há também aqueles que querem se aposentar cada vez mais tarde, não por idade, nem por tempo de serviço, mas apenas aguardando que surja uma doença, na perspectiva de se aposentar por invalidez, a fim de receber mais dinheiro. Se você comunga com eles o mesmo conceito de "aproveitar a vida", tome cuidado, porque, se você se encostar cedo demais, Deus pode entender que seu tempo de vida útil no mundo está chegando ao fim, e, como diz o ditado, quem não quer viver para servir também não serve para viver.
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