Abram-se alas para os blocos de carnaval. O Brasil deve fechar para balanço, neste feriadão. Aproveitemos para uma breve reflexão sobre o primeiro bimestre de um novo governo que prometia revolucionar o jeito de governar. Além de a equipe de transição, embrião da futura equipe ministerial, ter-se montado mais com critérios técnicos do que políticos, o mandato do presidente Jair Bolsonaro trouxe inovações ousadas, desde os primeiros minutos. Alguns protocolos foram quebrados, na cerimônia de posse. Por exemplo, houve espaço para que a primeira-dama discursasse, na Linguagem Brasileira de Sinais (LIBRAS), e encerrasse com um selinho no marido.
Quando eclodiu a crise gerada pela ruptura da barragem de Brumadinho, ainda com a saúde um tanto debilitada, por causa daquele atentado sofrido durante a campanha eleitoral, o presidente precisou ser reinternado e submetido a uma nova cirurgia, para retirada da bolsa de colostomia. Como seu quadro clínico se complicou um pouco, ele precisou passar mais dias internado do que o programado, o que não o intimidou, e ele resolveu reassumir o cargo e voltar a despachar de dentro do quarto do hospital, como se estivesse em seu gabinete oficial.
O juiz Sérgio Moro mostra a que veio, no cargo de ministro da Justiça, indo pessoalmente à campo apresentar sua proposta de mudanças nas leis que devem intensificar o combate ao crime e brigar pela aprovação dela no Congresso, visando propiciar mais segurança aos cidadãos.
Entretanto, os calcanhares de Aquiles desta gestão começam a surgir. A desconfiança do presidente num de seus ministros, fomentada por comentários de um de seus filhos em rede social, levou-o a demiti-lo. Áudios de conversas entre o presidente e esse ministro por meio de aplicativo de mensagens vêm à público. Se o presidente quer garantir a sustentabilidade de seu governo, ele precisa rever não apenas a relação com sua equipe, mas também com seus três filhos mais velhos, que estão envolvidos na política e que podem interferir negativa e diretamente na administração do pai. Quanto à sua relação com a sociedade, ela já se tem mostrado bastante transparente. Por vezes, transparente até demais. O presidente sempre manteve boa relação com o público através de redes sociais, desde o período eleitoral, e se deixado notabilizar por certas simplicidades e informalidades nos seus hábitos cotidianos que podem expô-lo demais e prejudicar sua segurança pessoal.
Espera-se mais atitude do presidente, como uma postura mais definida e proativa, diante da crise na Venezuela, por exemplo, que nos afeta diretamente. Os fatos descritos são preocupantes e indicam que, para o governo, pelo menos, o ano ainda não começou como deveria, embora as medidas tomadas até agora sejam luzes no fim do túnel, mas a nação ainda não sentiu a diferença.
Bom mês e bom feriadão a todos.
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