Não se trata necessariamente de uma alusão a um ilustre programa dominical da TV, que está no ar, há 45 anos. Estamos aqui para falar do que se foi e do que há de vir. As cortinas se fecham, ao fim de mais um ato, no teatro da vida. Para uns, o show continua. Para outros, o espetáculo já chegou ao fim. Nestes casos, espera-se que a história seja digna de aplausos de pé, por mais dolorosa que seja a despedida. Foi assim com o lendário noticiário radiofônico Repórter Esso, como se pode atestar pelo vídeo acima, que traz a última edição do noticioso, transmitida na noite de 31 de dezembro de 1968, há exatos cinquenta anos, portanto. Note a voz meio embargada do locutor, próximo ao fim da gravação.
Em sua despedida, o programa fez uma retrospectiva
das principais notícias apresentadas, ao longo de quase três décadas no ar. Uma delas aludia ao governo de Eurico Gaspar Dutra, um militar que chegou à Presidência da República pelo voto popular, logo após a deposição de Getúlio Vargas. Ele não chegou a instaurar uma ditadura, mas governou com certa austeridade, aliando aparentes progresso econômico e conservadorismo. Tomou algumas medidas polêmicas como, por exemplo, proibiu jogos de azar, determinando o fechamento dos cassinos, pôs na ilegalidade o antigo partido comunista, cortou relações diplomáticas entre Brasil e União Soviética e fortaleceu as relações entre Brasil e Estados Unidos, dando continuidade à política do chiclete com banana, iniciada na Segunda Grande Guerra, e abrindo uma era populista, que se estenderia até o golpe de 1964.
Em 2019, parece que a história se repete. O novo governo, chefiado por um militar também eleito pelo voto popular, promete trazer inovações. Pela forma como está sendo montado e organizado, ele pode não operar milagres, nem transformar o país num paraíso, principalmente no tocante à segurança pública, mas promete fazer algo diferente do que tem sido feito por governos predecessores. Este governo já se mostra tão polêmico quanto o governo Dutra. Já se falam em cortes de relações com nações de vertentes socialistas, como Cuba, China e Venezuela, por exemplo (o que já foi sinalizado pela declaração de não haver intenção de renovação de um acordo com Cuba que permitia a vinda de médicos sem se submeterem ao Revalida) e otimização de relações com nações como Estados Unidos e Israel, por exemplo.
Cada ano que se vai leva consigo uma parte de nós e deixa algumas coisas novas. A vida dá, a vida tira. Por isso, esperamos que as pessoas saibam se divertir com mais responsabilidade, nesta noite, para que tragédias como a do iate Bateau Mouche, por exemplo, que naufragou há exatos 30 anos, não marque suas vidas.
Enfim, para você que continua, no palco ou na plateia, sempre como uma testemunha ocular da (sua) história, nada mais justo que uma pausa para aplausos, café e reflexão.
Feliz 2019!!!
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