Na cidade de Sobral(CE), duas emissoras de rádio, que são rainhas em terra de gente cega, correm o risco de ter seus estúdios arbitrariamente desapropriados pela prefeitura local, sob o pretexto de realização de obras de melhoramento urbano. Essas emissoras estão entre os poucos meios de comunicação que se atrevem a criticar as atitudes de membros ligados à facção política que controla a cidade e o Estado, sendo que uma delas seria de propriedade de um deputado federal que foi candidato à prefeito pela oposição. Lamentavelmente, esse ato de violência infame contra a liberdade de imprensa teve pouca repercussão em nosso meio, onde a imparcialidade da imprensa é questionável, e demonstra ares de retaliação, depois que membros do partido da situação teriam sido proibidos de construir imóveis de alto padrão, numa área de proteção ambiental, próxima à cidade.
Como se vê, no Brasil, vivemos realidades não muito distantes daquelas vivenciadas em lugares como Rússia e Venezuela, por exemplo, onde há considerável tolhimento das liberdades de imprensa e de opinião pública, onde os contrastes sociais contrastam com as balelas dos discursos populistas e pseudocomunistas e onde muitos, mesmo que estejam passando fome crônica, fingem que são felizes e faltam entronizar suas lideranças nos altares das igrejas ou mesmo de suas casas, porque são obrigadas a agir assim ou porque, simplesmente, estão mesmerizadas e incapazes de se manifestar como realmente precisariam e gostariam. Por essas e outras, cada nação termina administrada por um governo que é a sua cara, de uma forma ou de outra. Não dá para negar isso. E o resultado pode ser desastroso, em se tratando de um povo que pode ser até heroico, mas que também é muito supersticioso, tem a mente muito fechada, vive na santa ignorância e não sabe pensar fora da caixa. O que se há de fazer? Povo marcado, povo feliz, como diz aquela canção.
Por vezes, nossas lideranças se valem de todos os expedientes possíveis e impossíveis, morais ou imorais, para se manter atreladas ao poder, manipulando as leis e a (in)justiça de acordo com seus interesses. Com essas lideranças, o Estado se mostra falho em prover o essencial à população, especialmente no tocante à segurança pública. Para não perder prestígio e poder, quem está no poder acaba meio que compartilhando, direta ou indiretamente, consciente ou inconsciente, um pouco de seu poder com os poderes paralelos. E a população vive assustada, vulnerável, vigiada também por grupos paramilitares e vilipendiada múltiplas vezes.
Para quem quer ter como espelho a Estátua da Liberdade de uma terra dita de democracia e de liberdade, os Estados Unidos de Sobral ainda precisam evoluir muito. De qualquer maneira, hoje é dia de festa, naqueles terrenos novos por onde nosso amigo dr. Tony Harrison começou a trilhar o caminho das pedras em sua formação médica e foi feliz, há alguns anos. Desejamos a todos os sobreviventes daquele pedaço de chão do sertão mais um feliz aniversário, com muita saúde e alegria de viver, nesta data especial.
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