Perceba que o ano da graça de 2024 já está adiantado. Este primeiro mês já está do meio para o fim. Mais um ano que já começou com cara de velho. O ano passado acabou depressa. Não há dúvidas de que se sucederá o mesmo com este ano. Eventos importantes passaram depressa, mas, ao mesmo tempo, não passaram, porque nunca terminaram. Vão e voltam feito bumerangues. As festas de final de ano se acabaram depressa. As férias escolares, também, para muitos estudantes.
Começou mais uma edição de um dos mais prósperos e longevos reality shows de grande audiência da TV, prendendo a atenção do povo brasileiro, enquanto lhe faz uma boa lavagem cerebral, influenciando contundentemente a moral e os bons costumes, enquanto suscita dúvidas sobre o que é certo ou errado, no tocante à aplicação de normas básicas de uso da Língua Portuguesa, por exemplo, enquanto enriquece a língua e a cultura nacionais, fomentando a criação de novos jargões e de novos padrões de comportamento que influenciam toda uma geração.
Entretanto, para alguns, parece que o ano passado não acabou. Ou, pelo menos, é como se ele tivesse começado, de novo. Não somente porque ninguém sabe ao certo onde termina uma edição de um consagrado reality show da TV e onde começa a outra. O ano 2023 A.D. foi marcado por um extenso e dramático reality show político, depois que uma nova gestão aparentemente assumiu a administração pública federal e sentiu sua autoridade sendo contestada e ameaçada, quando um grupo proporcionalmente pequeno de pessoas, se comparado com a população de mais de 200 milhões de brasileiros, invadiu as principais instalações do governo, em Brasília, em 8 de janeiro de 2023. Parte dos membros do governo e da imprensa maximizaram a relevância e o nível representado de ameaça pública por aquele evento, elevando-o, de modos esdrúxulo e ridículo, aos patamares de "golpe de Estado" e de "atentado terrorista". Aquela mesma ladainha de sempre de governistas fanáticos: "Sem anistia". Depois ainda dizem que os oposicionistas é que são fanáticos. Embora aqueles poucos milhares de invasores, sem sombra de dúvidas, tivesse agido mal, nem de longe, eles teriam capacidade para tomar o poder e assumir o governo, mesmo que, por apenas, um dia.
Na verdade, quiçá os golpistas de verdade sejam aqueles que insistem em chamar os outros de golpistas. Aqueles, sim, ameaçam a democracia, pois querem mandar e desmandar ao bel prazer, criando um governo personalizado, construindo uma estrada para regulação da internet e dos meios de comunicação, tudo em nome da democracia e da liberdade. Acredite se quiser. Enquanto isso, aquele "show da vida real" ainda está sendo estendido até às últimas consequências possíveis. Quiçá até às próximas eleições gerais, previstas para 2026. Ou até mesmo mais longe. Quiçá eles façam ressoar aquelas transmissões pelo espaço sideral e para toda a eternidade.
Como você pode ver, até a vida de quem convive com quem já vive dentro de um círculo vicioso também acaba entrando na mesma roda.
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