Você, brasileiro ou brasileira, por gentileza, responda, com toda a sinceridade, do fundo de sua alma: sem querer menosprezar a gravidade da situação, mas, ao tomar conhecimento daquela invasão de prédios públicos da capital federal, há um ano, você se sentiu ameaçado(a) ou ofendido(a)? Aquilo mexeu com você, de algum modo? Você se consideraria capaz de fazer aquilo ou de incentivar seus filhos a fazê-lo? Acreditamos que sua resposta seria não, pelo menos para esta última pergunta. Quiçá você tenha pensado, mais ou menos assim: "Se aqueles prédios, que têm tanta segurança, estão vulneráveis assim, imagine a minha casa, onde quem tem que cuidar da segurança sou eu mesmo".
Claro que aquele tipo de coisa não é algo muito agradável de se ver, tampouco desejável a quem quer que seja, muito menos louvável que nossos filhos fizessem algo assim, mas há quem insista em acreditar naquela ideia delirante de "grave ameaça pública ao Estado Democrático de Direito", como se diz no linguajar de nossa região, esticando a baladeira, no tocante às pretensões daqueles invasores, por se sentir mais incomodado com aquela invasão do que com o fato de que, por exemplo, semana passada, em Belo Horizonte (MG), um policial militar foi assassinado, durante confronto armado com um criminoso de extensa ficha criminal que fora beneficiado por uma daquelas "saidinhas" de final de ano da cadeia e deixara de retornar ao cárcere, dentro do prazo preestabelecido, para cumprir o restante de sua pena. O sargento morto estava na corporação, há 10 anos, e deixou viúva e uma filha de poucos meses, que talvez recebam pouco ou nenhum amparo do Estado e da sociedade. Uma entidade representativa de magistrados minimizou essa tragédia como "fruto da desigualdade social" e "lamentável vincular ao juízo que concedeu benefício previsto na lei". Isso sem contar com outras tantas violações de propriedade registradas, Brasil afora. Não é a primeira vez que acontece esse tipo de coisa. Nem será a última, infeliz e lamentavelmente. Há tempos, mudanças nas leis são clamadas, para minimizar os riscos desse tipo de ocorrência e para dar mais segurança aos cidadãos.
Trocando em miúdos, a verdade é que eles estão pouco se lixando se o cidadão comum, por mais que trabalhe para pagar impostos e para engrandecer a pátria, tem seu patrimônio material e imaterial ameaçado e violado, no seu dia a dia. Eles só pensam no deles. Como você deve ter notado, o judiciário que põe nas ruas indivíduos realmente perniciosos, sem preocupação alguma com as consequências disso, usando como justificativa a interpretação literal e fria das leis existentes, é o mesmo judiciário que mantem atrás das grades quem, quando e pelo tempo que lhe convém, se valendo de ajustes na interpretação das leis, mesmo que o sujeito não represente esse perigo todo para a coletividade. A Justiça e o Estado que rugem como leões, para coagir os cidadãos e pressioná-los a cumprir com suas obrigações para com eles, como, por exemplo, pagando-lhes tributos pesados, honrando-os e cumprindo suas ordens emanadas, são os mesmos seres que miam como gatos, diante de grandes criminosos e de outros poderosos, se deixando intimidar por eles, ao ponto de quase se ajoelharem e lhes beijarem/lamberem os pés.
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