O ano da graça de 2013 chegou, finalmente, mas você ainda pode aproveitar esse clima gostoso de final de ano para assistir a um filme clássico de temática natalina, como aquele que prometi comentar, há algumas postagens, mais um daqueles que passam dias ressonando em nossas mentes e que nos fazem pensar, pensar e pensar.
Pois bem, I'ts a wonderful life, que foi lançado no Brasil com o título "A felicidade não se compra" e em Portugal com o título "Cai uma estrelinha do céu", é um longa metragem dirigido por Frank Capra, em 1946. Na época, não obteve muito sucesso, mas, atualmente, é considerado um dos melhores filmes natalinos de todos os tempos.
A película aborda a história de um jovem empresário que se vê obrigado a abrir mão de seus projetos pessoais de vida, como sair de sua cidade natal para estudar numa universidade e depois viajar pelo mundo afora, por exemplo, para assumir os negócios da família e fazer frente aos poderosos do lugar, haja vista que não apenas seu futuro e o de seus familiares estavam em jogo, mas também o de toda a comunidade, porque a empresa herdada de seu pai, especializada em conceder créditos pessoais e imobiliários, deu uma grandiosa contribuição para o desenvolvimento do lugar e para o bem-estar da população.
Confesso que me identifiquei com George Bailey, guardadas as devidas proporções, porque, assim como ele, por vezes, também abri mão de meu êxito pessoal, em favor da coletividade, ou seja, daqueles que me cercam. Minha vida também tem sido, ultimamente, um sufoco, tal como a vida dele. Além disso, desde minha adolescência, sempre quis alçar vôo e ir mais longe. Em parte, consegui esse objetivo. Consegui cursar uma faculdade em outra cidade e me formar, mas tive de voltar, em nome de um bem maior. Ainda tenho a esperança de explorar o interior novamente, em breve, enveredando mato adentro, como se fosse um vaqueiro.
Me
identifiquei também com aquele anjo da guarda sem asas, porque,
por vezes, me sacrifico e me falta tempo suficiente para cuidar de mim
mesmo, em favor da segurança e do bem-estar de meus entes queridos.
Falta-me tempo para me redirecionar. Em vez disso, rezo a Deus para que
direcione a vida de meus entes queridos da melhor maneira possível.
Observo-os de uma distância segura, procurando zelar pela segurança deles, mas sem interferir diretamente em suas vidas, especialmente se
eles não me quiserem por perto ou não fizerem questão da minha presença.
Pois bem, George tinha a opção de partir e de ganhar o mundo, porque talvez o mundo tivesse muito a lhe oferecer. Mas não, ele optou por ficar e dali mesmo tirar o que precisava para viver. Lá mesmo ele se enraizou. Não levantou suas asas, para não atrapalhar o alçar de vôo dos outros. O pobre George nunca fez uma viagem, nunca tirou umas férias. Sua empresa não gerava lucro e ele não conseguiu fazer sua fortuna pessoal. O único retorno daquele trabalho era a satisfação com seu resultado social, que se via a olho nu pela urbanização da cidade. Sua firma conseguiu fazer por sua cidade mais do que o programa "Minha casa, minha vida", por exemplo, conseguiu fazer pelo Brasil.
Assim como o trabalho de Bailey, o meu também não me traz tanto retorno material e tem me causado até muito desgaste e algum desgosto, ultimamente, mas persisto nele, porque ainda me traz alguma satisfação pessoal e ainda vejo algum resultado positivo para a coletividade. Depois quero conversar mais sobre isso.
O clímax da história de George chega na noite de Natal, quando ele se vê encurralado, endividado e com o mundo desabando sobre sua cabeça. Acho que já vi essa história em algum lugar. Então, ele pensa em por um termo à tudo aquilo, mas à sua maneira. A cidade inteira reza por ele, até que os céus resolvem intervir e mandar ajuda, de forma inusitada.
A mensagem principal das pouco mais de duas horas do longa é que quem tem Deus, família e amigos no coração não tem o direito de se considerar pobre. Ainda digo mais: o maior lucro de nosso trabalho não é o dinheiro auferido, mas as relações sociais e interpessoais. Este filme me ensinou muitas outras coisas, entre elas, o fato de que nossas vidas podem não ser aquilo que gostaríamos que fossem, mas poderiam ser bem piores, para nós e para aqueles que dependem de nós, pois nossas vidas tocam muitas outras vidas, mais do que podemos pressupor. O fato de estarmos no mundo e cada atitude nossa faz a diferença para o ambiente e para os outros, como se fosse um efeito borboleta. Espero que você também possa aprender alguma coisa com este filme e seja bem-vindo ou bem-vinda a 2013.
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