Com relação àquele incêndio da boate, no Rio Grande do Sul, queria escrever um pouco mais. Imagino que cada um daqueles que tem acompanhado as notícias e que tem visto as imagens correlatas, principalmente os parentes e amigos das vítimas, se sente frustrado e impotente, diante de tão situação. Cada um deles, por mais distante que estivesse, deve ter se perguntado se não poderia ter feito algo para evitar que aquilo acontecesse ou para salvar aquelas vítimas.
Admito que aquilo também mexeu comigo. É de partir o coração ver pais desesperados, ao saberem que perderam seus filhos, principalmente aqueles que ligaram para os celulares de seus filhos centenas de vezes, mas estes não atenderam, porque já não podiam atendê-los, tarefa que coube aos bombeiros que resgataram os corpos. A esperança diminuía e a angústia crescia, para quem estava do outro lado da linha. Muito chata uma situação dessas, não é mesmo?
Por vezes, imagino como seria, se fosse comigo. Tenho medo da morte, não pelo que possa encontrar, do outro lado, mas pelo rombo que deixaria aqui, pelo sofrimento dos meus entes queridos, especialmente dos meus pais. Por isso, sempre agradecido à Deus por ter chegado até aqui e por nunca estar no lugar errado e na hora errada. Depois quero conversar mais sobre isto.
Imagino como deve estar pesado o clima em Santa Maria. Como expressou o poema do escritor gaúcho Fabrício Carpinejar, presumo também que toda a cidade tenha morrido naquela tragédia, porque sua juventude está morta, esta mesma juventude que, por onde passa, dá um tom de cor diferente à vida, que, pelo menos, para eles que vivem naquela cidade, parece ter se esvaziado, depois que a cidade envelheceu, "dez anos ou mais, neste último mês".
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