Neste final de ano, talvez coubessem uma investigação e uma intervenção por parte das autoridades competentes, a fim de saber se alguns personagens que estavam sumidos das redes sociais, como a Boneca Momo e a Baleia Azul, por exemplo, estão de volta. Assim, talvez pudéssemos entender os comportamentos estranhos de muitas pessoas, nesta época, comportamentos que, por vezes, se mostram autodestrutivos, sejam eles voluntários ou involuntários, como se o Halloween e a Black Friday tivessem se confundido com o Natal e com o Ano Novo. Muitos dos pré-adolescentes e de adolescentes que tiveram aulas remotas, ao longo dos meses, por exemplo, estão entrando em férias escolares e estão ociosos, em seus lares, desejando estar num hotel, numa pousada ou numa colônia de férias, seja numa praia, numa serra ou num sertão, passando tempo demais com computadores ou outros dispositivos eletrônicos, dedicando tempo demais à navegação em redes sociais, até chegarem a desenvolver brincadeiras inusitadas e de risco.
Você já notou que muitas pessoas, em geral, estão se comportando como se a Pandemia já tivesse acabado e ignorando os riscos de virem a contrair o vírus? Pois bem, muitos dos que ainda não foram infectados parecem estar procurando mais problemas para suas vidas e de seus entes próximos, buscando se envolver em situações inusitadas de risco, se obrigando a eles mesmos a se expor a situações vexatórias e com maiores chances de contrair a infecção. Apesar de os casos de contaminação pelo vírus estarem novamente aumentando, em algumas partes do país, e de alguns casos de reinfecção serem notificados, os hospitais ainda não parecem tão cheios como estavam, há cerca de 6 meses. Isso tem dado margem para que os corredores dos hospitais voltem a ser colonizados por motivos relativamente fúteis e que seriam perfeitamente evitáveis, se contassem com bons suportes ambulatoriais.
Passamos boa parte do ano ouvindo que deveríamos ficar em casa. Não se trata meramente de uma questão de ficar em casa. Trata-se de ficar BEM em casa. Não basta se manter em exílio doméstico e com renda familiar garantida. É preciso também evitar o ócio, o tédio, a depressão e a produtividade negativa. Algumas pessoas estão já tão cansadas de ficar em casa se escondendo do vírus, que passar uma noite apenas que seja num lugar inusitado, como uma delegacia, um hospital ou um cemitério, por exemplo, já vale a pena, para elas.
Estamos sobre uma ponta de um bloco de gelo flutuante, vulgo iceberg, ou seja, diante de um problema emergente de saúde pública que tem sido negligenciado pelas autoridades e pela imprensa. Um grupo relativamente pequeno de profissionais da saúde tem feito um trabalho hercúleo para formiguinhas, tentando evitar que uma barragem maior que a de Brumadinho, metaforicamente falando, venha a ruir de vez e desabar sobre a cabeça da sociedade. Se, por um lado, precisamos seguir nos prevenindo e combatendo a infecção pelo Coronavírus, por outro lado, precisamos lidar com esse problema não tão novo, com mais investimentos em prevenção, com foco na raiz dele, lembrando que vidas humanas estão aqui também em jogo e elas precisam ser poupadas.
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