Voltando à questão do movimento estudantil, politização não é tudo, mas deveria ser lembrada na formação de qualquer indivíduo, não apenas dos universitários. Quando digo politização, não me refiro à vinculação obrigatória a um determinado partido político. Politização é quando o cidadão conhece sua razão de ser cidadão e de viver em sociedade, sob a tutela do Estado, sabendo o que é o Estado, como ele funciona e para que ele serve. Muita gente sai da escola sem saber o básico a respeito desse tema e, por isso, não sabe como nem onde reivindicar seus direitos e cumprir seus deveres adequadamente. Ainda sou muito jovem para dizer se, quando havia as disciplinas de OSPB (Organização Social e Política Brasileira) e de moral e cívica nas escolas, a situação era melhor que hoje. Se alguém souber, por favor me diga.
Em época de recepção de calouros, isto deveria ser considerado. Eles deveriam ser convidados a ter algum contato com o movimento estudantil de suas faculdades, assim como eu tive, quando ingressei na medicina, um contato imparcial, livre de maniqueísmos político-partidários, embora minha faculdade fosse forte e sutilmente regida por esse tipo de interesse. Nos tempos da ditadura, não se ouvia falar em trotes como os de hoje. Os universitários da época eram mais politizados, não tinham tempo para pensar em humilhar seus companheiros de jornada de maneira tão baixa e infantil, sem contar que a própria ditadura reprimia com mais rigor o trote, como se pode ver em http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI3581494-EI6788,00-Trote+nunca+mais.html e http://www.fernandomolica.com.br/blog/2009/02/o-fascismo-dos-trotes.php. Coincidência ou não, geralmente os trotes são promovidos por centros acadêmicos pouco politizados, por associações atléticas totalmente despolitizadas ou por grupos isolados de indivíduos totalmente despolitizados.
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