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A Pandemia pode ter passado, mas, onde você estiver, não se esqueça de mim.

A Pandemia pode ter passado, mas, onde você estiver, não se esqueça de mim.
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Falando em Pandemia, ela se foi, mas o Coronavírus continua entre nós, fazendo vítimas.
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sábado, 18 de fevereiro de 2012

Em busca da fonte da juventude 4


Enquanto o Brasil se prepara para mais um carnaval, nesta madrugada de sábado, uma festa em que muitos brasileiros tentam rebuscar sua juventude perdida, mas acabam perdendo a lucidez, vide os excessos cometidos por muitos foliões, causando prejuízos por vezes indeléveis para si e até para terceiros, aqui vai mais uma vez esta espécie de Ponce de Leon da blogosfera lançando-se à navegação, em sua busca virtual pela fonte da juventude.


Há algumas semanas, li o clássico “O elogio da loucura”, escrito pelo filósofo holandês Erasmo de Roterdã, no início do século XVI. O livro é uma crônica na qual a própria loucura personificada é a narradora em primeira pessoa e conversa com o leitor fazendo uma crítica bastante irônica à sociedade europeia à época. Sua metralhadora giratória aponta para todos os lados, distribuindo doses de loucura em todos os segmentos sociais, sem poupar mesmo os religiosos. A loucura começa fazendo um passeio pela mitologia greco-romana, chegando a se comparar aos deuses, dizendo ter influências profundas sobre as vidas deles, e por tabela, sobre toda a humanidade, se considerando responsável pelo seu progresso e por sua felicidade.

Mas o que isto tem a ver com a juventude? Bem, a loucura, no alto de sua embriaguez, em seu elogio (como você viu, a loucura não esconde seus delírios de grandeza e de influência, ela é psicótica), por vezes, indiretamente se declara como a essência da juventude, se contrapondo à sabedoria e à maturidade, como se vê, por exemplo, nos seguintes trechos:

Ama-se a primeira juventude que se
sucede à infância, sente-se prazer em ser-lhe útil, iniciá-la, socorrê-la. Mas, de quem recebe
a meninice os seus atrativos? De quem, se não de mim, que lhe concedo a graça de ser
amalucada e, por conseguinte, de gozar e de brincar? Quero que me chamem de mentirosa,
se não for verdade que os jovens mudam inteiramente de caráter logo que principiam a ficar
homens e, orientados pelas lições e pela experiência do mundo, entram na infeliz carreira
da sabedoria. Vemos, então, desvanecer-se aos poucos a sua beleza, diminuir a sua
vivacidade, desaparecerem aquela simplicidade e aquela candura tão apreciadas. E acaba
por extinguir-se neles o natural vigor.”

                                                            “Por tudo isso, observai, senhores, que, quanto mais o homem se afasta de mim, tanto
menos goza dos bens da vida, avançando de tal maneira nesse sentido que logo chega à
fastidiosa e incômoda velhice, tão insuportável para si como para os outros. E, já que
falámos de velhice, não fiqueis aborrecidos se por um momento chamo para ela a vossa
atenção. Oh! como os homens seriam lastimáveis sem mim, no fim dos seus dias! Mas,
tenho pena deles e estendo-lhes a mão. Não raro, as divindades poéticas socorrem
piedosamente, com o divino segredo da metamorfose, os que estão prestes a morrer:
Fetonte transforma-se em cisne, Alcion em pássaro, etc. Também eu, até certo ponto, imito
essas benéficas divindades. Quando a trôpega velhice coloca os homens à beira da
sepultura, então, na medida do que sei e do que posso, eu os faço de novo meninos. De
onde o provérbio: Os velhos são duas vezes crianças.”

“Quanto a mim, é o homem em pessoa que eu
reconduzo à idade mais bela e mais feliz. Se os mortais se abstivessem totalmente da
sabedoria e só quisessem viver submetidos às minhas leis, é certo que não conheceriam a
velhice e gozariam, felizes, de uma perpétua juventude.”

                                                                 “Tenho ainda em meu favor o importante testemunho de um famoso provérbio que diz:
Só a loucura tem a virtude de prolongar a juventude, embora fugacíssima, e de retardar
bastante a malfadada velhice.”

Concordo, em parte, com a senhora loucura. Quem tem loucura tem juventude, porque tem vigor, tem sensação de indestrutibilidade, não tem limites nem responsabilidade por seus atos, e, portanto, como eu disse no começo, está sujeito a cometer excessos que podem prejudicar a si e a terceiros. Ela diz ter poder “de retardar bastante a malfada velhice”. Eu diria que pode até evitar que a velhice chegue, se não matar alguém antes disso.

Não pretendo buscar a juventude na loucura, nem numa bebida qualquer. Como eu já devo ter dito antes, minha relação com o álcool é conflituosa. Às vezes, tenho vontade de beber uma cerveja, por exemplo, para me sentir mais leve, para me desconectar um pouco da realidade, poder vê-la com outros olhos e rir dela, ou pelo menos poder tirar o pé do acelerador, desde que seja em casa. Tenho medo de perder meu autocontrole, especialmente fora de casa e na presença de outras pessoas.

Não me considero o melhor motorista do mundo, mas não sou de andar cometendo infrações de trânsito e nunca fui multado. Mesmo assim, alguns de meus amigos não gostam de viajar comigo. Para eles, tenho fama de “Zé Correto” e de lesado. Não sei até que ponto minha presença é agradável e interessante para eles. Recuso bebidas alcoólicas sempre que me oferecem. Dizem que obedeço ao pé da letra todas as placas de trânsito que encontro pelo caminho. Não é bem assim. Na estrada, por melhores que pareçam as condições, raramente eu trafego a mais de 100 km/h. Pode aparecer algum imprevisto no caminho, como um animal na pista ou um buraco inesperado, por exemplo, e, como meu carro tem a direção hidráulica muito leve, em uma situação dessas, poderia perder facilmente o controle da direção.

Não sou um condutor perfeito, mas o que me preocupa no trânsito não é meu jeito de dirigir, são os outros. A gente sempre procura dirigir fazendo nossa parte e partindo do princípio de que os outros motoristas também farão as suas, não é verdade? Felizmente, a maioria dos outros condutores também cumpre as regras e não cria situações de risco. Entretanto, por mais que você se esforce, você não está totalmente livre de cruzar com um desastrado em seu caminho, especialmente nesta época do ano, em que muitos querem tanto permanecer jovens e loucos que acabam se descuidando demais. Quando me vejo obrigado a dirigir de madrugada, mesmo quando me aproximo de um cruzamento em que o sinal está verde para mim, eu reduzo a marcha e passo devagar. Evito passar de uma vez porque sempre existe nessas horas a possibilidade de alguém na outra rua avançar o sinal vermelho com a velocidade que estiver, achando que não vem ninguém.
  
Por isso desejo que você tome muito cuidado com este carnaval e que sobreviva a ele, mesmo que você não goste de carnaval e não pretenda sair de sua casa. Finalizo esta postagem com dois vídeos. O primeiro é mais para descontrair e ao mesmo tempo chamar a atenção para que você não perca o controle e possa retomar sua rotina, na quarta-feira de cinzas. Já o segundo vídeo é mais sério. Trata-se de uma peça publicitária encomendada por um órgão de trânsito da Austrália, que vem realizando campanhas com imagens de forte apelo emocional, há mais de vinte anos. Espero que esteja preparado para os vídeos. Fique com Deus.






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