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quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

"Mi casa, su casa"

 


           Como você viu, no último final de semana, uma multidão de manifestantes invadiu três dos principais prédios públicos federais de Brasília, deixando neles amplos rastros de destruição: Supremo Tribunal Federal (STF), Congresso Nacional e Palácio do Planalto, que é a sede da Presidência da República. Algo comparável com aquela invasão do Capitólio, nos Estados Unidos, no começo de 2021, depois que o então presidente Trump não conseguiu ser reeleito. A diferença é que, nos EUA, acredita-se que havia menos manifestantes envolvidos e que os danos materiais foram menos extensos, porém, pelo menos cinco pessoas teriam perdido a vida, na ocasião. Já aqui, não há muitos relatos sobremortos e feridos. "Somente" danos materiais, apesar dos rumores de que uma idosa que estaria entre os manifestantes que foram presos teria falecido. Nada confirmado, até agora. Aquela invasão não apenas causou a destruição de parte da estrutura daqueles edifícios, como também de algumas obras de arte, de algumas relíquias e de algumas peças de museu que estavam presentes, mas também expôs a fragilidade e a vulnerabilidade de nossas instituições. Quem poderia esperar que algo assim pudesse acontecer de tal forma? De todo modo, surpreende a aparente facilidade com que eles tiveram acesso àqueles recintos.


            Você há de convir que nenhuma pessoa de bom senso e que esteja dentro de seu são juízo, seja qual for sua visão política, há de concordar com esse tipo de atitude. Sem sombra de dúvidas, é algo nem um pouco digno de aplausos. Não é o tipo de coisa que você, caro (e)leitor, normalmente faria ou ensinaria seus filhos a fazer, não é verdade? Aquelas instalações são a nossa casa, é a casa do povo, construída com nossos recursos públicos e com a nossa mão de obra, principalmente.


            Entretanto, há algumas considerações a serem feitas. Para começar, impressiona a parcialidade com que boa parte dos órgãos de imprensa trata esse fato. Eles abordam o fato com certa generalização. De cara, eles já se referiram aos manifestantes como "bolsonaristas", "golpistas" e "terroristas", como se todos os presentes naquela situação fossem eleitores do ex-presidente, que não foi reeleito, como sabemos, como se todos (ou todes, como gostam agora de dizer, modernamente falando) os eleitores do ex-presidente tivessem compactuado com aquelas atitudes ou como se todos os supracitados fossem indivíduos da mais alta periculosidade, piores que membros de facções criminosas. Ou seja, os meios de comunicação, em boa parte, extrapolaram nas informações, demonizando aqueles manifestantes e atribuindo-lhes poderes e intenções um tanto desproporcionais e estratosféricos. 


            Mas quem eram mesmo aquelas pessoas? Por que causa vã aparentemente estariam lutando? Em nome de quem e/ou de quê estariam lá? O que esperavam ganhar com aquilo? Será que eles acreditaram mesmo que conseguiriam, daquele modo, depor o recém empossado presidente da República e impor um governo do jeito que eles queriam? Já que muitos deles estavam vestindo a camisa da Seleção Brasileira de Futebol, talvez fosse mais fácil eles se dirigirem até uma das fronteiras com a Argentina, entrarem no país vizinho, que conquistou a mais recente copa, pegarem a taça e voltarem para cá, correndo e dizendo que o Brasil conquistou o Hexa, finalmente, do que ocuparem o gabinete presidencial.

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