Abro um parêntese aqui para falar de uma situação comum do cotidiano que talvez você não tenha percebido, mesmo se vendo obrigado a usar um banheiro, pelo menos uma vez por dia. Muita gente ainda põe uma pedra sanitária pendurada por uma alça na borda de um vaso sanitário. O objetivo é perfumar o ambiente, disfarçando maus odores, na medida do possível, pela liberação de substâncias voláteis, além de desinfectar o vaso, pelo carreamento de substâncias bactericidas pelas suas paredes.
O problema é que as substâncias voláteis contêm amônia, uma substância caústica forte e irritante para os olhos e as mucosas. Se o banheiro for abafado, o gás amônia ocupa praticamente todo o espaço. Às vezes, mesmo não estando molhadas, essas pedrinhas liberam amônia, que pode causar alguma irritação às partes íntimas daqueles que se sentarem no vaso.
Então, meu conselho é: se você puder, substitua aquelas pedrinhas sanitárias primitivas em formato de anel por uma outra forma de desodorizante sanitário, como aqueles adesivos para as paredes do vaso ou aquelas caixinhas plásticas laváveis, que liberam um fluido, durante as descargas. Elas não liberam vapores tão irritantes que transformem seu banheiro em uma câmara de gás.
Há algum tempo, defendi o uso daqueles banheiros químicos de eventos públicos como biodigestores, haja vista eles conterem matéria prima suficiente para gerar energia. Questionei se essa ideia seria viável. Até agora, não fiz alguma experiência nesse sentido, tampouco obtive resposta de alguém. Espero que você também não resolva fazer essa experiência por conta própria, no seu banheiro, principalmente se costuma usar produtos de limpeza à base de amônia.
Já que falei tanto de amônia, lembrei-me que, nos tempos do colégio, um professor de química, ao ministrar uma aula sobre equilíbrio químico, apresentou a reação química da imagem acima, a reação de Haber-Bosch, que é o processo químico de formação da amônia, declarando que "esta reação acabou com a fome no mundo". Ele se esqueceu de acrescentar uma vírgula e completar com "teoricamente". De qualquer maneira, sua empolgação teria respaldo no fato de que a síntese laboratorial de amônia gerou matéria-prima para a fabricação de fertilizantes agrícolas.
Lamentavelmente, a fome no mundo ainda não acabou, como já devo ter dito antes. A produção agrícola pode ter sido, de fato, multiplicada. No entanto, a distribuição da safra continua muito desigual. Ainda há quem morra de fome como quem morre de sede diante de um rio ou de um mar, porque ainda há quem veja pessoas passando fome ao seu redor, mas prefira estocar alimentos e superfaturar com a inflação deles. Por isso, se o mundo acabar um dia, não será por conta da destruição física do planeta nem do homem. Será um fim virtual. Depois conversamos mais sobre isso, antes do dia 21 próximo, se possível.
Antes de encerrar, para que você compreenda melhor minha hipótese, vou deixar uma história que deve servir de exemplo. De mau exemplo, por sinal.
Havia um grupo de cinco exploradores viajando por uma das regiões mais geladas do planeta. Uma noite, eles se perderam, mas conseguiram se abrigar em uma caverna. Cada um deles carregava algumas peças de lenha e poderiam ter acendido uma fogueira para se manterem aquecidos, até que fossem resgatados. Por incrível que pareça, não o fizeram. Nenhum deles quis ceder sua lenha, por razões mesquinhas, mais uma vez aqui cada um pensando só no seu, como sempre, e esperando que os outros tomassem a iniciativa de liberar a lenha, em prol do bem-estar de todos.
Na manhã seguinte, uma equipe de resgate os encontrou. Estavam congelados e abraçados com suas lenhas, o que chocou os membros da equipe. Aqueles exploradores tinham a faca e o queijo na mão para fazer o fogo, mas não aproveitaram os recursos disponíveis. Então, um dos membros do resgate desabafou: "Acho que não foi esse frio de fora que os matou. Foi o frio de dentro dos corações mesmo".
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