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A Pandemia pode ter passado, mas, onde você estiver, não se esqueça de mim.

A Pandemia pode ter passado, mas, onde você estiver, não se esqueça de mim.
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Falando em Pandemia, ela se foi, mas o Coronavírus continua entre nós, fazendo vítimas.

Falando em Pandemia, ela se foi, mas o Coronavírus continua entre nós, fazendo vítimas.
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quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

O médico e o monstro 13


                          Não é que seja de todo ruim ser médico, embora esta profissão, por vezes, seja frustrante e não me proveja tudo de que preciso para viver e para ser feliz. Minha vida atual não é um paraíso, nem chega a ser uma terra de Hades. Poderia ter sido pior, se eu jamais tivesse conseguido chegar aonde cheguei. O que não seria de mim??? No entanto, às vezes, me pergunto se meu trabalho é um sonho ou um pesadelo. Para a maioria daqueles jovens que estão lá no colégio, meu trabalho é um sonho.

                          Olha, não posso afirmar que as vidas dos outros são melhores que a minha. Cada um sabe onde o sapato lhe aperta. No entanto, acredito que ninguém gostaria de levar a vida que levo, nem eu desejaria isso, mesmo que fosse meu pior inimigo.

                          Por vezes, me pergunto se sou realmente digno deste meu título de médico e se tenho feito bom uso dele. Por vezes, me pergunto se realmente tenho cumprido o meu dever e se tenho feito e sido o que a sociedade espera de mim. Em casa, não me sinto um médico. É como se aquele ser que trabalha com o público, no cotidiano, fosse apenas um personagem, embora tente levar, para os dois mundos, aquilo de melhor que ambos os lados têm a oferecer, um ao outro.

                          Por vezes, quando estou fora de meus ambientes de trabalho, especialmente em casa, é difícil para mim acreditar que cheguei aqui. Por vezes, chego a  me sentir mais ou menos como me senti, na época em que me formei, com a impressão de que aquele cara da foto na placa é outro e que eu apenas estou temporariamente no lugar dele. Sentimento esquisito, não? Por vezes, quando alguém me chama de "doutor", penso em olhar para os lados e me pergunto: "Ele (a) está falando comigo?".

                          Sabe, tem sido difícil para mim, esta vida de adulto. Ainda não consegui aprender a lidar completamente com esta nova realidade que se instalou ao meu redor, de uns anos para cá. Ainda não me acostumei com esta nova roupagem. Ainda não me acostumei a ser esta pessoa que jamais imaginei que viria a ser, ou, pelo menos, tinha uma vaga e distante ideia deste futuro atual e imaginava que ele demoraria muito a chegar. Pois bem, o tempo passou mais depressa, este futuro chegou antes do esperado e eu, de certa forma, envelheci. Ontem, eu era visto e tratado como um moleque. Hoje, já me chamam de senhor. E eu ainda não tenho cabelos brancos. Ora me sinto um menino, especialmente por ainda morar com meus pais, ora sou chamado de volta à lembrança das responsabilidades inerentes aos trinta e poucos anos, como pagar impostos, por exemplo, e à cobrança de que eu já deveria ter constituído família própria e algum patrimônio, nestas alturas do campeonato. Conversaremos mais sobre isto.

                       
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