Você já deve ter ouvido falar daquela famosa história do copo ou do pote vazio, história cuja moral é que ele nunca está completamente vazio ou completamente cheio. Sempre há disponibilidade de lugar para alguma coisa importante em nossas vidas.
Resumindo: um professor universitário se apresenta à classe com um grande pote de vidro. Ele pergunta aos alunos se o pote está vazio. Eles respondem que sim. Então, o professor vai preenchendo o pote com bolas de golfe, bolas de gude e areia, nesta ordem, sempre perguntando se o pote está vazio. Finalmente, ele despeja o conteúdo de uma xícara de café dentro do pote, e o líquido vai se infiltrando entre os grãos de areia. O objetivo é mostrar que, no pote, assim como em nossas vidas, sempre há espaço para irmos adicionando coisas importantes, como Deus, família, amigos, pátria, trabalho, por exemplo, de acordo com suas prioridades, e o café mostra que sempre há tempo para um almoço, um jantar, um churrasco ou uma feijoada, por exemplo, ou, pelo menos, se tomar um café, ou uma outra bebida qualquer, com amigos.
Minha vida é mais ou menos assim, ou, pelo menos me esforço para que seja. Tento me organizar, da melhor maneira possível, para aproveitá-la melhor. Não é um trabalho fácil, principamente quando existe a impressão de que o tempo está fluíndo mais rapidamente. Preciso trabalhar na máquina, com o motor em funcionamento. Não dá para fazer o mundo parar de girar, enquanto isso.
Como já devo ter dito, o tempo está passando tão depressa que os dias, as semanas e os meses se sobrepõem. Se fizer algo hoje, se travar um diálogo com alguém hoje, por exemplo, então, daqui a uma semana, talvez não consiga mais me lembrar ao certo se o diálogo de hoje aconteceu hoje, na semana passada, ou no mês passado. O meu passado mais recente, no tocante a este ano, está confuso, ele está muito condensado em minhas lembranças.
Já não trabalho mais tanto como costumava trabalhar, outrora. Tenho esperanças de que, à médio prazo, conseguirei tirar meu sustento de menos horas semanais de trabalho. Quanto ao restante do tempo, já está sendo canalizado ao descanso e a uma nova prática obsessiva minha: a leitura. De uns tempos para cá, estou sentindo a necessidade de ler mais livros, direta ou indiretamente relcionados com minha área de trabalho, movido, em parte, pela sensação de um vazio na minha cabeça, sensação de sempre achar que de nada sei, em busca frenética de algo para preenchê-la, como se fosse aquele pote de vidro supracitado.
Tenho algumas pilhas de livros e de revistas à minha espera, no meu birô, fazendo fila. No momento, estou lendo simultaneamente uns 3 ou 4 livros, sempre tentando ler, pelo menos, um capítulo de cada, por dia. O importante é não parar de ler. É preciso manter o tônus da leitura para não emburrescer. É preciso manter um ritmo de leitura sobre cada assunto, para não esquecer o que já foi aprendido. Um dia, aquele conhecimento adquirido de um artigo que você leu hoje, quando menos esperar, ele voltará. Ainda sim, fui com minha mãe à mais recente edição da Bienal do Livro, em Fortaleza. Lá, chegamos como quem vai a uma liquidação. Muita gente nos corredores, estandes lotados, saímos de lá com sacolas de livros e cartões de créditos quase estourados. Infelizmente, não aproveitamos mais que isso, por falta de tempo e de espaço, em nossas agendas. Ainda não comecei a digerir os volumes que lá comprei. Minha mãe, uma professora aposentada, porém ativa, não perdeu tempo. Já está à procura de mais volumes. Enquanto isso, insatisfeito com os livros físicos, ainda estou correndo atrás de uns livros em PDF e transferindo-os aos meus computadores e aparelhos portáteis, mantendo-os também em dia. Espero, assim, poder, um dia, sentir-me menos pobre, mais útil à humanidade e em paz com minha consciência.
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