Há quinze anos, a Rede Globo lançou uma novela com o nome que dá título a esta postagem. Tratava-se da história de um homem que havia passado cerca de dezoito anos em coma, num leito hospitalar e que havia perdido a memória de tudo que acontecera em sua vida, nos doze anos que transcorreram até entrar em coma. Quando ele despertou, precisou se readaptar ao novo mundo que o esperava, tentando reaprender a fazer algumas coisas e recuperar parte da memória perdida.
Como já devo ter dito aqui noutras oportunidades, não morro de amores pela Globo, tampouco sou noveleiro. Mencionei a novela supracitada porque me fez lembrar um pouco minha própria história de vida, embora não tenha sido tão grave quanto a do protagonista. No mesmo ano em que a novela foi lançada, também estava se descortinando para mim um mundo novo. Havia saído da fase colegial, estava entrando na vida universitária, na maioridade civil e num cenário novo de vida, com uma rotina completamente nova, que, por um lado, era mais liberal, mas, por outro, era mais densa.
Sabe aqueles dias nos quais você se sente um alienígena no seu próprio planeta, um estrangeiro no seu próprio país ou uma pessoa que parece ter ficado ultrapassada e antiquada em sua própria época??? Deve ter sido mais ou menos assim que se sentiu o protagonista da novela supracitada.
Você também, por acaso, já não conheceria aquela sensação de inferioridade, como se fosse uma formiga que anda quase rente ao chão ou um animal que rasteja, ambos esperando que o mundo continue atropelando-os???
Aqueles são dias em que você não consegue mais se reconhecer, porque não acredita mais ser a mesma pessoa que era ontem. São dias em que você já não vê mais graça na vida como via outrora. O que, por um lado, é bom, porque indica que você adquiriu bom senso, abriu seus olhos e seus ouvidos e aprendeu a separar o joio e o trigo, ou seja, discernir entre o que é útil, pode ajudar em seu crescimento e, portanto, deve ser guardado, e o que é inútil e efêmero, porque serve apenas para entreter, por alguns instantes.
Por vezes, você ainda sofre, pensando se não teria perdido grandes coisas, em ter deixado para trás aquilo que você não conseguiu agarrar, mesmo sem ter certeza se era algo útil ou não, porque acreditava ser intangível. Por isso, aquela dúvida volta a assaltar periodicamente: você viveu plenamente a vida, como deveria ter sido vivida, desfrutando de tudo que ela aparentemente tem oferecido ao longo dos anos ou não??? Aqui cabe uma pergunta pertinente: o que é, para você, viver plenamente a vida???
Por maiores que sejam nossas capacidades de se
adaptar às mudanças constantes do mundo e de compreendê-lo, nossas
visões de mundo são sempre conflitantes com as dos outros. Então, como
vamos nos incorporar e nos adaptar a este mundo novo, que, por vezes, ainda nos parece tão velho, embora os vejamos, por vezes, como se estivéssemos aqui, pela primeira vez???
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