Sabe aqueles filmes que fazem você pensar, chegando a passar dias, semanas ou meses pensando neles, depois de vê-los, que deixam você com uma pulga atrás da orelha e que você faz votos para que os produtores criem uma sequência para ele??? Pois bem, de acordo com minha humilde opinião, "O preço do amanhã" é um desses longa metragens capazes de causar esse tipo de efeito. Depois que assisti a ele, num canal de TV por assinatura, passei uma semana me coçando para escrever esta postagem.
Logo no começo, notei que havia algo errado. Uma garota estava na cozinha lavando a louça e chega um cara aparentemente da mesma idade dela chamando-a de mãe. Limpei as lentes de meus óculos, passei cotonetes nos ouvidos e aumentei o volume para ter certeza do que estava ouvindo e vendo.


Esse filme nos traz uma metáfora de nosso capitalismo. Nunca antes na história, aquele adágio popular que diz "Tempo é dinheiro" fez tanto sentido. Naquela época, as pessoas têm de produzir tempo para gerar riquezas para terceiros e migalhas para si, e sacrificar literalmente parte daquele tempo que teoricamente lhes pertencem para conseguirem alguma coisa em troca.
Eu vou ainda mais longe. Quando entrei na residência médica, um de meus orientadores disse: "Tempo é vida". Ele foi feliz em sua frase, porque, em todos os serviços de saúde, teoricamente falando, o objetivo primordial não é a geração de riquezas, mas a geração de qualidade de vida. O modo como administramos o tempo que empregamos nesse ofício pode fazer a diferença.

Vive-se numa sociedade em que as pessoas parecem não ser mais pessoas, parecem ter sido transformadas em robôs, parecem não ter mais sangue em seus vasos e são programadas para viver um determinado tempo, à revelia da vontade de Deus, do qual parecem ter-se esquecido, parecem ter mordido a maçã proibida do Éden, abrindo uma caixa de Pandora e atraindo para elas uma maldição, a de se verem obrigadas a buscar constantemente unidades de tempo em todas as fontes possíveis, a fim de manter os status de juventude e de imortalidade. Seria como se estivessem sempre subornando alguém, com suas mãos-de-obra, para ganharem tempo e procrastinarem os encontros com suas inevitáveis mortes.
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