"Um dia, quem sabe". Era o que eu costumava dizer, a mim mesmo, até aquela manhã de 31 de dezembro de 2022, na iminência de percorrer os 15 quilômetros propostos pela Corrida de São Silvestre, em boa parte do centro histórico de São Paulo (SP), pela primeira vez. Repetiria novamente na mente aquela frase, mais adiante, naquela tarde ensolarada de 16 de setembro de 2023, em Natal (RN), prestes a enfrentar minha primeira meia maratona. Eu já percorrera 10 quilômetros daquele mesmo circuito, na edição anterior da Meia Maratona do Sol. Faltavam ser superados mais 11 Km de sol poente, de ladeiras e de ventos, para completar os primeiros 21k. Naquelas ocasiões, tudo poderia mudar, em questão de algumas horas. E mudou. Em termos de superação, principalmente.
Mas eu não parei por aí, embora possa ter reduzido meu ritmo e meu entusiasmo. O ano da graça de 2023 foi o ano das minhas primeiras meias maratonas completas (21k). Tivemos a Meia Maratona do Sol, em Natal (RN), em setembro, a Meia Maratona do Cometa, na Cidade dos Funcionários, perto de onde resido, em Fortaleza (CE), em outubro, a Meia Maratona de João Pessoa (PB), onde enfrentamos alguns dissabores com a rede hoteleira, além do cansaço de horas à fio na estrada, indo e voltando, em novembro, e a Corrida da UNIFOR, na minha cidade, em dezembro. Em todas elas, além das medalhas, eu também fui laureado com algumas cãimbras nas pernas e alguns calos nos pés. Mas tudo valeu a pena. Posso declarar abertamente, portanto, que foi um ano de conquistas para mim, apesar de não ter me preparado e me dedicado apropriadamente aos meus condicionamentos físico e mental, de haver participado de menos corridas e de ter obtido menos medalhas, consequentemente.
No meu último desafio do ano, superando todos os óbices, honrei os companheiros que se formaram comigo, há exatos 13 anos, na Faculdade de Medicina da UFC/Sobral. Sobrevivi, ou melhor, como se dizia na época, escapei . Foi uma responsabilidade e tanto correr com os nomes dos amigos nas costas, por 21 quilômetros. E a camisa pesou, de fato, principalmente quando encharcada de suor. Veio uma chuva pra aliviar o calor, mas ela trouxe junto algumas rajadas de vento, que dificultaram as subidas nas ladeiras da Cidade 2000 e das Salinas, perto do Centro de Eventos. As pernas pesadas, os joelhos doendo, e uma cãimbrazinha na panturrilha direita, no final de tudo, que quase não me deixa voltar pra casa dirigindo. Mas eu segui, até o fim, principalmente depois que Ele me disse: “Eu já carreguei pesos maiores do que esses e já senti dores muito mais fortes. E ainda carrego e sinto tudo isso, até hoje. Você consegue”. Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo, para sempre seja louvado.
Por essas e outras, eu lhe digo, com toda a propriedade, que talvez esse seu "um dia" esteja mais perto do que possa imaginar. Se servir de alento, para atingir tal objetivo, além de um pouco de experiência e de treino, algo que você já deve ter, se necessita também e apenas de um pouco de organização financeira, para custear as despesas com inscrição, translado, hospedagem e alimentação, por exemplo, se você vai enfrentar as pistas de corrida fora de sua cidade. Mas pode confiar, que você chega lá. Assim como eu, logo mais, quando menos esperar, você também deve receber um chamado, para sair de sua zona de conforto e avançar em águas mais profundas. Ou melhor, em pistas mais altas ou mais baixas, mais quentes ou mais frias.
E, assim, sigo eu, mesmo longe de me considerar um atleta profissional e de elite, muito menos um campeão, porém, modéstia à parte, sempre servindo de inspiração para outras pessoas, principalmente para aquelas que nunca se considerariam capazes de fazer as mesmas coisas que eu fiz, algum dia. As mesmas coisas das quais eu também me julguei incapaz. Confesso humildemente que, por vezes, tive medo de que algo saísse errado, quando tinha tudo para dar errado, mas, enfim, sobrevivi. Desejo boas provas, aos que disputam a Maratona da Virada, em Baturité (CE), e aos que concorrem a São Silvestre, em São Paulo (SP), nesta manhã derradeira de 2023. Desejo também a todos um Feliz Ano Novo repleto de bençãos, graças e novidades boas.
P.S.: À propósito, você deve estar se perguntando porque eu não estou participando das corridas de hoje. Depois das emoções deste ano, neste final, resolvi me recolher com minha família, para melhor poder me recompor, me reorganizar e me preparar para a próxima temporada. Que venha logo e que seja abençoada. Logo mais, de volta às ruas, estreando um novo "jogo de pneus", se Deus quiser.
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