Quando éramos crianças, éramos mais perseverantes, otimistas e determinados. Naquela época, quando instruídos a fazer parte de uma religião e a acreditarmos num Ser Superior, o fazíamos melhor, porque éramos mais crédulos. Nossos pais ou responsáveis em geral nos prepararam todo um ambiente idealizado e colorido para nos receber, quando aqui desembarcamos. Ao longo da infância, fomos expostos à materiais diferenciados e preparados especialmente para aquela faixa etária, nos diversos meios de comunicação, que nos apresentavam uma visão mais branda, simplificada e colorida da realidade. Todas as histórias que nos contavam tinham um final feliz, como nos contos de fadas. Então passamos a acreditar que, no final de tudo, a justiça triunfará, e o bem sempre vencerá o mal.
No entanto, à medida que crescemos, vimos que não é bem assim que o mundo funciona. Aos poucos, vamos compreendendo que, em determinado momento da vida, o corpo para de funcionar de maneira viável adequadamente e se desliga gradual ou subitamente, em definitivo. O momento em que isto acontece varia de uma pessoa para outra, mas, quando acontece, a pessoa precisa ser colocada dentro de um caixão, como se estivesse dormindo, e este precisa ser enterrado, antes que o corpo se decomponha. Passamos a aceitar a morte como um desfecho natural, esperado e inevitável para a vida, considerando inaceitável, jurídica, ética e moralmente, que alguém antecipe esse desfecho para si ou para terceiros, principalmente de forma violenta. Infelizmente, vemos que, no dia a dia, o que ainda prevalece é o mal. Crimes e injustiças são cometidos todos os dias e passam batidos. Pessoas matam pessoas por motivos diversos, sentindo-se à vontade para fazê-lo, sem se importarem com as consequências de seus atos.
Então, criamos histórias de super-heróis, porque desejamos a presença de seres ideais com capacidades excepcionais, que façam coisas que ninguém fez antes e que nos deem a segurança que o poder público não é capaz de nos dar, por exemplo, e buscamos formas de superação da realidade nua e crua que nos é apresentada, para que não nos sintamos tão desamparados.
Quando você contar a história de Jesus Cristo, por exemplo, para uma criança, independente de suas convicções religiosas, se as tiver, conte a história bem contada e vá até o fim, porque, para uma criança, é inadmissível que um homem bom como Ele, que só fez o bem, durante sua passagem pelo mundo, que dispunha de mais poderes do que qualquer herói já visto, mas que soube usar de maneira sutil e parcimoniosa tais poderes, tenha um final triste e cruento como aquele, sendo impiedosamente torturado e massacrado, até ser pregado numa cruz que foi erguida ao relento, agonizando com dores e falta de ar.
É fundamental que a criança saiba o que aconteceu a partir do terceiro dia e compreenda porque os eventos tiveram que acontecer daquela maneira. Assim, ela também deve entender que a Páscoa está além dos ovos de chocolate e do coelho. Ele quer que levemos àquela criança Suas mensagens e Seu exemplo de vida, porque Ele ama e se preocupa deveras com as crianças. Acredite, ela vai acreditar que seu Herói deu a volta por cima, no final da história. Se ela vai continuar acreditando naquela história e crer que aquele Herói é o Grande Salvador da Humanidade, quando ela for adulta, já são outros quinhentos. De qualquer maneira, ainda guardamos a esperança de uma grande e definitiva vitória do bem para um futuro à médio prazo e de um final feliz para nossas vidas e para a história da humanidade, graças Àquele Grande Homem. Desejamos Feliz Páscoa a todos os leitores e seus entes queridos.
Em tempo: Oremos por aquelas pessoas, próximas ou não, que nos deixaram recentemente, e esperamos que elas ressuscitem para uma nova vida, juntamente com Jesus Cristo, neste domingo de Páscoa, como foram os casos do narrador esportivo Luciano do Valle, que partiu para a oficina de Deus, na tarde de ontem, do escritor colombiano Gabriel García Marquez, que partiu, na última quinta-feira, daquele menino de quatro anos que foi assassinado por um primo de catorze anos e colocado em uma máquina de lavar roupas, no Rio de Janeiro, e daquele garoto de onze anos que teria sido assassinado por seu pai e por sua madrasta, no Rio Grande do Sul, por exemplo.
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