A TV Verdes Mares, emissora afiliada da Rede Globo em Fortaleza, em campanha alusiva ao aniversário de 288 anos de fundação desta capital, a ser celebrado neste domingo, está realizando uma enquete para eleger a imagem que melhor representaria a cidade.
Depende de que faceta de Fortaleza se quer representar, pois, como já foi dito, Fortaleza não é bem uma cidade, mas um conjunto de cidades bem distintas e reunidas em uma só, onde geralmente prepondera uma delas: aquela da orla marítima. Quem está lá fora deve pensar que toda a população de Fortaleza está distribuída linear e homogeneamente ao longo da orla marítima e que todo mundo aqui trabalha e vive com vistas para o mar e sentindo a brisa do mar no rosto.
Ledo engano. Mesmo no Rio de Janeiro, cuja imagem divulgada urbi et orbi é quase sempre aquela de suas praias, por vezes com o Pão de Açúcar ao fundo, sabemos que existe uma disparidade considerável entre sua orla marítima e a zona oeste, do lado oposto daquela cidade.
Enquanto isso, Sobral, pelo menos a sede de seu município, é vista praticamente como uma massa coesa, guardadas as devidas proporções entre as pessoas, devido às suas desigualdades sociais. Não há grandes discrepâncias estruturais entre uma ponta e outra do lugar. Quem anda pelas ruas de Sobral sente que está dentro da mesma cidade ou dentro de um bairro de Fortaleza.
Em Fortaleza, quiçá por conta da sua formação em colcha de retalhos, existe um fenômeno interessante: quase todo mundo que mora no lado leste da metrópole, ou seja, ao leste das ruas e avenidas mais antigas do centro histórico, tem o costume de dizer que mora na Aldeota. Quanto mais ao leste e ao norte, maior a sensação de se morar na Aldeota, que, para quem não sabe, é um dos mais tradicionais e elitizados bairros daqui, como se fosse o bairro do Morumbi, em São Paulo, por exemplo.
Dizer que mora na Aldeota é chique, mas nem sempre foi assim. Até o início do século XX, ser chique era morar em alguns bairros próximos do Centro, como em Jacarecanga, por exemplo. Foi então que a Aldeota, até então uma área rural chamada Outeiro, surgiu como uma pequena, restrita e bucólica área residencial que, nos últimos quarenta ou cinquenta anos, vem concentrando intensa atividade comercial voltada para as classes A e B e cresceu tanto em população e em quantidade de edificações ao ponto de seus limites se tornarem imprecisos e se (con)fundir com bairros adjacentes, como Meireles, Varjota, Papicu e Dionísio Torres, por exemplo.
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Enfim, a escolha é sua. Estamos apenas repassando e opinando sobre a enquete. Se interessar, você pode votar em http://g1.globo.com/ceara/enquete/qual-o-local-que-e-simbolo-de-fortaleza.html. E vida longa para Fortaleza, que é várias em uma só, com todas as suas mazelas, com muita saúde e alegria de viver.
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