Imagine você viajando de um extremo ao outro do purgatório, em questão de horas. Digo purgatório porque você não chega aos extremos de humor, nem ao fundo do poço da depressão, nem aos picos da mania, mas experimenta um pouco de cada um desses estados, tudo num mesmo dia. Imagine-se em cima de uma gangorra, todos os dias, e deve entender do que estou falando.
É difícil dizer qual a pior situação. Quando se está calmo, se está deprimido, com vontade de chorar e menos atencioso. Por outro lado, quando se está mais alerta e mais ativo, se está tão ansioso e nervoso por estar tão preocupado com problemas do presente ou de um futuro imediato que você se sente sufocado e necessita cada vez mais de ar e de água para ventilar e refrigerar seu espírito. Isto chega a ser incômodo e prejudicar igualmente sua performance. Então, o que fazemos? Buscamos equilibrar esta gangorra, de uma forma ou de outra, e geralmente acabamos intervindo quimicamente em nossas emoções e sentimentos.
Por vezes, me pergunto se é válido intervir e modular os sentimentos e emoções do cotidiano que não sejam necessariamente patológicas com medicamentos ou com outras substâncias psicoativas. Se estamos insones ou muito nervosos e ansiosos, tomamos um BDZ (benzodiazepínico) para dormir ou, pelo menos, para relaxar. O problema é que, às vezes, ficamos muito sonolentos e, com o passar do tempo, podemos ter lapsos de memória. Se estamos muito sonolentos, sem ânimo, sem concentração e sem disposição para o trabalho, tomamos uma xícara de café. O problema é que uma xícara de café, à medida em que desperta e aquece, também aumenta o nervosismo e a ansiedade. Se estamos muito retraídos, tristes e tímidos, tomamos um copo de cerveja ou de outra bebida alcoólica. O problema é que podemos perder nosso autocontrole e fazer ou dizer coisas que normalmente não faríamos ou diríamos, e depois não nos lembrarmos do que aconteceu.
Na verdade, se precisamos recorrer àquelas substâncias para ajustarmos nossos sentimentos e nossas emoções, é sinal de que já perdemos o autocontrole, há um bom tempo. Então, se você não se sente bem, não se engane. Não existe fórmula ou pílula mágica, para acabar com o sofrimento, de qualquer que seja a fonte. Os psicofármacos que poderiam ser empregados de acordo com o caso, apenas sob prescrição e acompanhamento médicos, para aliviar seu sofrimento, como já foi dito, não fazem mágica. Procure toda fonte de ajuda possível, então.
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