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A Pandemia pode ter passado, mas, onde você estiver, não se esqueça de mim.

A Pandemia pode ter passado, mas, onde você estiver, não se esqueça de mim.
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Falando em Pandemia, ela se foi, mas o Coronavírus continua entre nós, fazendo vítimas.

Falando em Pandemia, ela se foi, mas o Coronavírus continua entre nós, fazendo vítimas.
Por isso, continuemos nos cuidando.

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domingo, 3 de novembro de 2013

Piscina


                      Você deve ter ouvido falar que a Secretaria de Saúde do Estado do Ceará se comprometeu a resolver o problema do "piscinão" do HGF (Hospital Geral de Fortaleza), problema referente à superlotação da sala de emergência daquele hospital, em até noventa dias. Parece que alguma atitude nesse sentido já foi tomada, mas, e o piscinão do HSM (Hospital de Saúde Mental), como fica???

                      Enquanto isto, hospitais psiquiátricos estão sendo desativados forçosa e vertiginosamente, por meio de inanição monetária. O hospital Mira y Lopez, por exemplo, foi vendido, em julho de 2012, e encerrou suas atividades, em definitivo, em janeiro de 2013. A Casa de Saúde São Gerardo foi desativada há quase três anos e demolida há quase um ano. Não houve mobilização do poder público, nem da sociedade para tentar salvar aqueles hospitais. Parece que somente os pacientes, seus familiares e os profissionais da saúde mental reconhecem a importância daqueles locais, e olhe lá. No começo deste ano, fizeram uma mobilização em Sobral, pelo funcionamento de uma UTI pediátrica, mas que só foi desencadeada após a morte de uma criança dita "bem nascida". Infelizmente, cada um de nós aqui ainda pensa somente no seu.

                      Como consequência da redução do número de leitos disponíveis para internações psiquiátricas, o setor de emergências do HSM está lotado de pacientes e seus familiares à espera de vagas para internações. Eles chegam a passar noites seguidas dormindo ao relento, enquanto não surgem as vagas. Precisam ficar acampados lá. Não podem ir para casa aguardar as liberações das vagas porque, se estão lá, é porque, supostamente, representam riscos para si mesmos e para terceiros. Se eles forem para casa, dificilmente voltarão. O pronto-socorro do HSM é o único serviço de emergência psiquiátrico de Fortaleza e a única porta de entrada para internações psiquiátricas do SUS. Para lá, se direcionam pacientes da Capital e do interior. Este problema de acúmulo de pessoas no saguão e ao ar livre já vem acontecendo há pelo menos três anos. Nenhuma atitude foi tomada pelo poder público.

                     Segundo trecho do Compêndio de Psiquiatria, de Kaplan e Sadock, um dos livros de psiquiatria mais conhecidos, em sua nona edição, na página 1447, diz:

"Psiquiatras que prescrevem medicação dentro de um tratamento dividido devem ser capazes de hospitalizar o paciente, caso isso seja necessário. Se os mesmos não têm privilégios de internação, arranjos antecipados precisam ser feitos com psiquiatras que possam hospitalizar o paciente em caso de emergência. O tratamento dividido é cada vez mais utilizado por companhias de planos de saúde e é um campo potencial de imperícia".

                      Nós que trabalhamos em psiquiatria estamos na berlinda. Falta-nos suporte hospitalar para internações psiquiátricas, quando necessário. Nem sempre conseguimos conduzir nossos pacientes com segurança, em ambiente ambulatorial. Por vezes, precisamos mantê-los mais próximos e em local seguro. Então, quem pensa que abrir e manter um consultório de psiquiatria é fácil e barato, bastando apenas alugar uma sala com uma mesa e algumas cadeiras, talvez com um divã também, além de pagar uma secretária, engana-se. Precisa saber também que os transtornos psiquiátricos não podem ser tratados apenas com medicamentos. Nossos pacientes, bem como seus familiares, precisam também de todo um suporte multidisciplinar e multiprofissional, contando com apoio de psicólogos, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, nutricionistas, profissionais de educação física, entre outros.
                   
                     Na edição de 2012 da Jornada Cearense de Psiquiatria, representantes do poder público municipal anunciaram a criação de um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) tipo 3, que funciona 24h e dispõe de alguns leitos para internações temporárias, bem como a instalação de leitos psiquiátricos e de um pronto-socorro psiquiátrico no hospital municipal conhecido carinhosamente como "Gonzaguinha do José Walter". Dessas medidas, até o momento, apenas a primeira foi implementada. Então, elogiamos o poder público pelo empenho em resolver as deficiências na saúde pública da cidade, mas ressaltamos que aquelas medidas propostas não seriam suficientes para resolver a assistência precária em saúde mental, enquanto a maioria dos CAPSs estava e ainda está sem médicos. Ressaltamos que aquela não era uma reclamação pessoal, era uma reclamação que partia dos pacientes e de seus familiares. Sugerimos que fosse levantada a possibilidade de criação de um programa de residência médica em psiquiatria no Cariri, região mais ao sul do Ceará, na divisa com Pernambuco. As principais cidades da região dispõem de infraestrutura razoável que favoreceria a implantação deste e de outros programas de residência médica, como bons hospitais e boas faculdades de medicina, por exemplo. Além disso, é uma região que juntamente com o sertão contíguo de Pernambuco carece de assistência médico-psiquiátrica.

                     O objetivo deste texto foi esclarecer a necessidade de se levar mais à sério a assistência em saúde mental. Tudo bem que talvez uma crise psicótica ou um estado depressivo, por exemplo, a priori, não pareçam tão graves quanto um acidente de trânsito, uma lesão por arma de fogo, um infarto agudo do miocárdio (IAM) ou um acidente vascular cerebral (AVC), por exemplo, e, posto isso, entendemos quando as ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) dão prioridade aos atendimentos destas ocorrências. Entretanto, as manifestações agudas dos quadros psiquiátricos não podem ser desprezadas, porque podem ter consequências desastrosas à médio prazo, para o indivíduo, para a família e para a sociedade, porque podem favorecer a instalação de comorbidades clínicas e até mesmo levar o paciente a tentar suicídio, por exemplo. Fica o alerta, então.

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