Descobriu-se, há alguns meses, que a Câmara Municipal de Juazeiro do Norte, terra natal do ator José Wilker e de padre Cícero Romão Batista, no meu Ceará, teria feito uma aquisição absurda de material de limpeza, que desencadeou um escândalo conhecido como a "farra do sabão", que virou mais um caso de polícia. Foram adquiridas 2,5 toneladas de sabão, 2.500 caixas de fósforo, 312.000 unidades de óleo de peroba, 33.600 unidades de lã de aço, 215.000 copos de café, 1.428 unidades de água sanitária, 4.000 vassouras e 5.000 sacos de lixo, tudo para ser utilizado apenas nas dependências da câmara. Mais uma vez, o poder público em Juazeiro do Norte envergonhando seu povo, bem como o povo cearense e o povo brasileiro.
O que se vê é aparente preocupação excessiva com a limpeza de um lado e carência demais, de outro lado. Em muitos lugares onde trabalhei, especialmente em serviços de saúde públicos, tenho observado, por exemplo, que há um certo descaso com a manutenção e com a limpeza dos banheiros. Quando eles têm portas, às vezes as portas não têm maçanetas nem trancas. Por vezes os vasos sanitários não têm tampas, nem descargas e nem papel higiênico por perto. Por vezes, quando tenho a sorte de encontrar uma pia com torneira e água corrente, raramente encontro sabão ou sabonete e papel toalha.
Quem precisar utilizar aqueles banheiros, em casos mais graves, pode se ver em situação meio constrangedora. Quase sempre falta algo essencial, naqueles banheiros de estabelecimentos públicos de saúde, e quase ninguém consegue encontrar neles ambientes confortáveis, decentes e higienizados. Não precisamos de banheiros de luxo, mas que também não precisamos daqueles banheiros superfaturados que foram prometidos pelo poder público, há alguns anos, mas que nunca saíram da planta. Basta que os banheiros públicos sejam lugares que as pessoas possam usar com segurança, dignidade e privacidade, como se estivessem nos banheiros de suas casas. Como se pôde ver em Juazeiro, o problema não está na falta de verba, para comprar os materiais necessários, mas na falta de atitude e na falta de controle dos recursos. Já em serviços privados, quando os banheiros estão mal cuidados e sujos, geralmente a culpa é dos próprios usuários, como foi dito na postagem "Civilização".
Então, por que não aproveitarmos parte daquele material de limpeza da Câmara de Juazeiro do Norte, a parte que ainda não está vencida, para começarmos a fazer uma grande faxina no Brasil???
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