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A Pandemia pode ter passado, mas, onde você estiver, não se esqueça de mim.

A Pandemia pode ter passado, mas, onde você estiver, não se esqueça de mim.
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Falando em Pandemia, ela se foi, mas o Coronavírus continua entre nós, fazendo vítimas.

Falando em Pandemia, ela se foi, mas o Coronavírus continua entre nós, fazendo vítimas.
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quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Responsabilidade pessoal 4




                          Uma coisa interessante e preocupante que eu tenho observado é que muitas pessoas que procuram o serviço ambulatorial da minha residência médica vêm da atenção primária muito carentes e esperam que a gente faça um pouco mais do que nossa atribuição, que é tratar transtornos psiquiátricos. Por vezes, elas querem que lhes prescrevamos medicamentos que não são inerentes à nossa área, medicamentos que deveriam ser prescritos por outros especialistas ou, pelo menos, pelo clínico do PSF.
 
                          Aqui não se trata de ter pena de conceder receitas médicas de anti-hipertensivos, por exemplo. O problema é que essas medicações deveriam ser prescritas por quem instituiu os tratamentos que as envolvem, seja um cardiologista ou um médico da atenção primária. Tudo bem que, se nós que trabalhamos em psiquiatria fizermos eventualmente uma receita de Captopril, de AAS ou de Omeprazol, por exemplo, não vai arrancar pedaço, mas, quando assumimos os deveres que deveriam ser de outros colegas e de outros serviços de saúde, prestando serviços que deveriam ter sido prestados por eles, estamos contribuindo para que eles e os pacientes se acomodem e fiquem dependentes de nós, por tempo indeterminado, para receber certos atendimentos que fogem do nosso escopo e que não são obrigação nossa. 

                          Se nós concedemos aos nossos pacientes de nosso serviço mais do que aquilo que podemos ou que devemos conceder, estamos abrindo um precedente perigoso. Com a atenção primária mal estruturada, aqueles nossos pacientes mais carentes, acreditando que somos "bonzinhos", vão começar a nos procurar, levando suas crianças para que lhes prescrevamos antiparasitários ou para que lhes façamos consultas de puericultura, levando gestantes para fazer o pré-natal, levando mulheres em idade reprodutiva para fazer os exames de prevenção dos cânceres de mama e de colo de útero, levando homens na andropausa ou mais velhos para fazer os exames de prevenção do câncer de próstata, enfim, nossos pacientes psiquiátricos vão começar a nos procurar, não mais para tratar seus transtornos psiquiátricos, mas para tratar doenças clínicas ou fazer acompanhamentos de condições que deveriam ser acompanhadas num posto de saúde, porque somos muito solícitos e "porque não tem médico no posto".

                          Um dia desses, quando estávamos diante de uma situação dessas, encurralados por várias pacientes querendo receitas de Captopril, meu amigo Davi, que também é residente de psiquiatria, explicou que elas deveriam se unir e procurar seus direitos. Ele sugeriu que elas, primeiramente, procurassem a administração de seus postos para conversar e ver o que se pode fazer para não faltarem médicos nem medicamentos. Depois, elas deveriam procurar, se necessário, as autoridades competentes e dispostas a ouvi-las, como o Ministério Público ou a Ouvidoria do SUS, por exemplo, para registrarem formalmente suas reclamações. A mensagem mais importante a ser passada, naquela ocasião, é que elas não deveriam se acomodar e aceitar aquela situação. Elas deveriam ir em busca de seus direitos a receber atendimento médico em clínica geral e medicamentos em seus bairros.

                          Falando em Davi, lembro que, certa vez, ele contou um causo que lhe ocorreu, quando ele trabalhava num posto de saúde, na zona rural de Beberibe, situada a pouco mais de cem quilômetros de Fortaleza. Certo dia, alguns funcionários e usuários do posto reclamaram-lhe que parte das telhas estava quebrada, o que permitia que parte da água da chuva entrasse no prédio e causasse algumas infiltrações nas paredes. Então ele perguntou-lhes o que estava faltando para que o problema fosse resolvido. Eles responderam que estavam aguardando que a prefeitura mandasse alguém para avaliar a situação e depois mandasse os recursos necessários para uma possível reforma no prédio. Então Davi interpelou-os, de maneira indireta, perguntando quem eram os usuários do posto, se eram os moradores da comunidade ou se eram o prefeito, os vereadores e os secretários do município. Ele chamou-lhes a atenção para que não esperassem de braços cruzados por uma atitude do poder público. Se o problema eram apenas umas telhas quebradas, qualquer morador do lugar, de preferência um pedreiro, poderia subir no telhado do posto e trocar as telhas. Não seria uma solução muito cara. 

                          Com essas e outras histórias, a mensagem que queremos deixar é que precisamos educar o povo, para que saiba usar o que é seu e lutar pelo que é seu. Acho que eu já falei sobre isso aqui, outras vezes.

                         


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