Mais um setembro amarelou e se findou. A tradicional e anual campanha Setembro Amarelo, voltada à prevenção do suicídio, parece soar, para muitos, como um convite para mais tentativas de suicídio. Se, por um lado, a campanha exorta o público em geral à uma reflexão sobre o valor da preservação da vida e quem tem alguma tendência suicida a buscar ajuda, por outro lado, às vezes, esse público principal resolve pedir socorro da pior forma possível. É um público que exige cuidados continuados com a vida, com o qual, muitas vezes, se torna difícil de trabalhar, porque se busca salvar parte do cérebro sem danificar o fígado, os rins e outros órgãos, uma missão quase impossível.
É como estar diante de uma barragem como Brumadinho, por exemplo, cheia de fissuras e prestes a se romper. Alguém corre de um lado para outro, tapando uma rachadura aqui e outra acolá, enquanto surgem outros quatro novos buracos, até o momento em que a represa está inexoravelmente prestes a ruir, e não há outra coisa a fazer, a não ser correr, antes que ela desabe em cima dele.
Por vezes, o ser humano quer romper com o mundo material, por diversas razões e meios, e transcender a matéria, umas vezes em busca de uma compreensão mais plena da realidade ao seu redor, outras vezes para fugir justamente de sua realidade álgica, sendo, para isso, muitas vezes, necessário fechar os olhos, de uma forma ou de outra. Esse é um sentimento paradoxal, ao mesmo tempo em que a morte física ainda desperta temor no homem. O importante é parar de tratar a vida de maneira tão banal, seja a própria ou a de outrem, a não ser que você tenha tantas ou mais vidas que um gato. Pense bem sobre isso e tenha um bom restante de ano.
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