Há uma semana, uma das minhas irmãs, que mora nos Estados Unidos, precisou ser conduzida em ambulância a um hospital. Ela apresentava um quadro compatível com uma reação anafilática à alguma medicação que teria tomado para as complicações pós-operatórias de uma cirurgia a que se submetera, alguns dias antes.
Você deve estar imaginando que, por se tratar de um hospital nos Estados Unidos e por ela ter um plano de saúde, ela recebeu um atendimento de primeira qualidade. Não foi bem assim. Ela se queixou de ter sido avaliada por vários profissionais de saúde, menos por um médico, e que, apesar de terem-na posto fora de perigo, ela saiu de lá sem esperar que lhe dessem alta e sem um diagnóstico definido.
Conversei com uns amigos meus sobre o acontecido. Alguns deles me aconselharam a tentar convencer minha irmã a vir para o Brasil, pois aqui ela estaria melhor assistida. Então, argumentei que, como seus recursos financeiros são limitados e ela não tem um plano de saúde válido no Brasil, não compensaria vir, se fosse para esperar por atendimento num lugar como o Hospital Geral de Fortaleza (HGF), por exemplo, cuja sala de emergências, por sinal, esteve fechada por alguns dias, recentemente, deixando seus pretensos usuários ao deus-dará.
Você deve estar imaginando que, por se tratar de um hospital nos Estados Unidos e por ela ter um plano de saúde, ela recebeu um atendimento de primeira qualidade. Não foi bem assim. Ela se queixou de ter sido avaliada por vários profissionais de saúde, menos por um médico, e que, apesar de terem-na posto fora de perigo, ela saiu de lá sem esperar que lhe dessem alta e sem um diagnóstico definido.
Conversei com uns amigos meus sobre o acontecido. Alguns deles me aconselharam a tentar convencer minha irmã a vir para o Brasil, pois aqui ela estaria melhor assistida. Então, argumentei que, como seus recursos financeiros são limitados e ela não tem um plano de saúde válido no Brasil, não compensaria vir, se fosse para esperar por atendimento num lugar como o Hospital Geral de Fortaleza (HGF), por exemplo, cuja sala de emergências, por sinal, esteve fechada por alguns dias, recentemente, deixando seus pretensos usuários ao deus-dará.
Eles argumentaram que, nessas ocasiões, estar perto de familiares e de amigos, principalmente se forem profissionais da saúde, é sempre melhor, porque, teoricamente, eles não permitem que falte coisa alguma, principalmente quando é possível formar parcerias que facilitem todo o tratamento. Assim, teoricamente, seria fácil tornar um lugar como o HGF parecido com o hospital Sírio Libanês de São Paulo, por exemplo. Principalmente se o Prefeito, o Governador ou a Presidenta fossem internados lá. Tudo depende de nós, do nosso interesse e de nossa dedicação, em cada caso. Ainda segundo eles, com nossos jalecos, quando os usamos, é claro, poderíamos transformar os hospitais que servem ao SUS em hotéis de 5 estrelas, pois conhecemos todos os atalhos para atingir essa meta. Por que ainda não fizemos isso, então???
De qualquer maneira, procuramos sempre fazer o melhor em nosso ofício, ainda que isso implique conflitos de interesses com outros profissionais da saúde ou até mesmo com outros colegas médicos, quando o que está em jogo é uma vida humana. Falta interesse semelhante por parte do poder público em cuidar das pessoas. Como foi dito,
os médicos sozinhos não conseguem dar saúde de qualidade para todos. Há
certas coisas que podem ser resolvidas sem os médicos, coisas que só
podem ser resolvidas pelos médicos e coisas que os médicos não podem
resolver sozinhos. Precisa-se de mais mão de obra qualificada na parte
administrativa trabalhando para a saúde funcionar. Fazemos nossas
partes. Nossos pacientes e nossas famílias agradecem. Por isso não
deixamos faltar nada para eles. A maioria dos médicos trabalha com seriedade e não compactua com práticas delituosas, como aquelas de companheiros que foram denunciados em reportagens na TV por aceitarem propinas das indústrias de medicamentos, de próteses ortopédicas e de stents cardiológicos, por exemplo.
Como se pode ver, aquela discussão nos levou a uma reflexão profunda sobre o funcionamento dos nossos sistemas de saúde. Temos boa vontade e determinação, mas fazê-los funcionar adequadamente não depende apenas disso. Aqui, procuramos chamar a atenção também para o fato de que, todas as vezes que nos dirigimos a qualquer serviço de saúde, em qualquer lugar do mundo, nossas vidas podem estar por um fio, por mais triviais que pareçam os problemas que nos levam até lá. Às vezes, por falta de sorte, você pode entrar num hospital com um problema e sair com outro pior, ou porque contraiu o problema mais grave por lá ou porque tinha um problema e pensava ser outra coisa, e acabar passando mais tempo lá dentro do que o previsto.
Então, como foi dito, hospital deve ser o tipo do lugar que se deve evitar dentro do possível, pois só deve ir lá quem tiver negócio. Como não tínhamos ideia da real gravidade do quadro de minha irmã, ficamos temerosos por sua vida e meio que fazendo tempestade num copo de água.
À guisa de exemplo, para encerrar, quando dava plantões num hospital de pronto atendimento clínico, pediátrico e obstétrico, na Região Metropolitana de Fortaleza, sentia uma profunda inveja das pessoas que entravam e saiam de lá. Graças a Deus, a maioria das pessoas que lá adentravam não chegavam correndo risco de morte. Elas chegavam na esperança de seus problemas seriam resolvidos em questão de minutos ou de algumas horas, no máximo, para, logo em seguida, retornarem ao abrigo do lar. Enquanto os médicos de plantão iam ficando por 6, 12, 18, 24 horas ou mais, trabalhando como se fossem caixas de bancos ou de supermercados e acumulando as mazelas deixadas por filas de passageiros que iam passando e repassando.
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