Como você pode observar, continua morrendo muita gente, vítima da COVID-19, por mais que a vacinação avance e por mais que a maioria das pessoas que têm bom senso continuem se precavendo, dentro de suas possibilidades. O que está acontecendo, então? Seria isso meramente explicado apenas pelo surgimento de novas variantes do vírus, em distintos lugares do mundo? Cada variante que surge não é necessariamente mais letal que as outras, mas demonstram o quanto o vírus se tem mostrado em nossas mãos escorregadio, lançando mão de sua variabilidade genética, se alastrando ainda com muita facilidade e se adaptando às novas adversidades com que se depara, e ele vai sobrevivendo assim. Por que os seres humanos não fazem o mesmo???
Você já deve ter notado que aquelas pessoas que sucumbiram perante o vírus não eram tão diferentes assim de você. Assim sendo, você poderia muito bem estar no lugar de uma delas, e ela, no seu lugar, mas por que isso não aconteceu, pelo menos até agora? Seria esta Pandemia uma mera loteria? Supõe-se que a maioria daquelas vítimas, principalmente quem era profissional de saúde, se cercou de todos os cuidados pertinentes e possíveis como, por exemplo, higienização das mãos, uso de máscaras, evitando as aglomerações e, em alguns casos, chegando mesmo a tomar pelo menos uma das doses de uma das vacinas já disponíveis. O que deu errado, afinal de contas? Aos primeiros sintomas mais graves, muitas daquelas pessoas saíram de suas casas para ir aos hospitais como se dissessem aos seus familiares: "Vou ali e volto já". E não voltaram mais. É muito angustiante se imaginar a si próprio ou alguém próximo ser chamado fora de casa e levado para longe praticamente sob condução coercitiva, sem olhar para trás, sem voltar e sem se despedir, deixando muita coisa inacabada e sem resposta. É muito angustiante perceber essa extrema vulnerabilidade, de algum dia alguém vir a adoecer com tanta facilidade e morrer com tanta facilidade, simplesmente após por os pés fora de casa.
Com tudo isso, ao menos você já deve ter se dado conta de que você é um sujeito racional, quiçá espiritual também, não um ser que vive única e exclusivamente em função de suas necessidades, desejos e fantasias. Você percebeu ainda que, apesar dos perigos, alguém precisa sair e encarar os desafios da vida, por si e pelos seus, quando assim se sentir mais fortalecido e mais protegido, ao invés de ficar sempre na defensiva, como numa redoma de vidro, vendo tudo passar, passivamente. Você chegou até aqui, de um modo ou de outro, se tornando um homem relativamente próspero, bem sucedido e abençoado, mesmo não sendo ainda tão rico como gostaria de ser ou como as outras pessoas o veem. Se você fosse um criminoso, cedo ou tarde, a casa cairia para o seu lado. Você não seria abençoado, não teria tudo o que tem e não teria chegado tão longe. Espera-se que este período de exílio forçado, ainda sem uma luz clara no final do túnel, lhe tenha servido para fomentar reflexões sobre quem você e o que você é e mais reflexões sobre o valor da vida, sobre o quanto ela é frágil e delicada, precisando, portanto, ser conduzida e cuidada com mais respeito, mais gentileza e mais cautela. Por tudo isso, você deve se considerar um felizardo herói sobrevivente. Se você chegou até aqui, atravessando esses dias difíceis, agradeça sempre por mais um dia, mais uma semana, mais um mês e mais um ano de vida que Deus está lhe concedendo, mesmo que esteja ficando mais velho, em contrapartida.
Postagem dedicada ao dr. Tony Harrison, nosso colaborador mor, por seus quarenta verões passados, sendo o mais recente um dos mais quentes de sua vida, porém todos igualmente repletos de boas histórias, muitas delas compartilhadas aqui neste espaço, ao longo dos últimos nove anos. Muita saúde e alegria de viver.
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