Lição moral bastante atual

Lição moral bastante atual

Mensagem Dele Para 2024 Em Diante

Faça a diferença.

Missão

Nossa missão: Dar vazão às mentes e às vozes que querem questionar e repensar o Brasil de uma maneira distinta, objetiva e imparcial.
O Profeta diz a todos: "eu vos trago a verdade", enquanto o poeta, mais humildemente, se limita a dizer a cada um: "eu te trago a minha verdade."

Mario Quintana

Previna-se

#vaidarcerto

#vaidarcerto
Já está dando certo.

A Pandemia pode ter passado, mas, onde você estiver, não se esqueça de mim.

A Pandemia pode ter passado, mas, onde você estiver, não se esqueça de mim.
Eu também não me esquecerei de você, haja o que houver.

Falando em Pandemia, ela se foi, mas o Coronavírus continua entre nós, fazendo vítimas.

Falando em Pandemia, ela se foi, mas o Coronavírus continua entre nós, fazendo vítimas.
Por isso, continuemos nos cuidando.

Doctoralia - Publicidade médica

Tony Harrison Oliveira Nascimento - Doctoralia.com.br

Onde estamos?

Wikipedia

Resultados da pesquisa

Translate us (traduza-nos)

Pesquisar neste blog

sábado, 14 de julho de 2012

Solução


Um dia me perguntaram por que eu ficava mais feliz, ao receber um representante de um laboratório farmacêutico do que ao receber um paciente.

Simbolicamente, enquanto o paciente traz problemas, o propagandista de um laboratório traz as possíveis soluções. Não quero dizer com isso que a visita do paciente não seja também, ao seu modo, enriquecedora. Cada um deles traz um caso e uma história de vida. Estudiosos dizem que o paciente sempre chega de mãos dadas com a criança que ele foi um dia. De certa forma, faz sentido, observando que eles chegam meio que infantilizados e indefesos.

Os representantes trazem, além de amostras grátis, materiais científicos relacionados aos medicamentos que eles propagam, que, embora enviesados, acrescentam alguma coisa aos nossos conhecimentos e podem nos ajudar a ter alguma praticidade no atendimento. Eu gostava quando eles traziam alguma ferramenta de grande utilidade na rotina do consultório, como um manual de consulta rápida, por exemplo.

Eu ficava mais feliz com aquelas visitas dos representantes, no começo de minha carreira. Hoje, já não me empolgo tanto. Eu já analiso com um olhar mais crítico os artigos que eles trazem. Eu já não consigo mais dar vazão a tantas amostras grátis que recebo. Eles já não me trazem mais aqueles manuais, nem outros brindes, como outrora, até porque a ANVISA os restringiu um pouco em relação a isso. Mesmo que trouxessem, já não me teriam mais tanta utilidade. Eu me aperfeiçoei. Carrego livros, manuais, consensos, protocolos e outras ferramentas médicas em um só dispositivo portátil.

Os propagandistas de laboratórios são grandes amigos e grandes parceiros. Eles, de certa forma, nos auxiliam muito, em nosso trabalho, não apenas em se tratando de auxílio material, mas também com auxílio humano. Lamentavelmente, eles foram proibidos de entrar efazer seu trabalho em diversos hospitais de ensino do país, inclusive no meu hospital, embora, num determinado momento, tudo parecesse caminhar para um entendimento entre a classe médica e a indústria farmacêutica. O motivo alegado para tais proibições foi “questão de ética”.

De qualquer maneira, o trabalho daqueles propagandistas poderia ser mais bem aproveitado, se eles pudessem apresentar seus produtos às pessoas certas e nos momentos certos. O ideal seria se eles procurassem, estando bem munidos de evidências científicas da eficiência e da viabilidade financeira dos seus medicamentos, os gestores de saúde municipais, estaduais e federais, a fim de tentar convencê-los a adquirir tais medicamentos para dispensação gratuita aos pacientes dos diversos serviços de saúde pública.
   
Quando um representante de laboratório vai a um CSF (Centro de Saúde da Família), os únicos beneficiados realmente com a visita são os médicos e, às vezes, os enfermeiros, quando recebem amostras grátis. Elas geralmente ficam encalhadas e perdem a validade nos armários do estabelecimento, porque a maioria dos médicos prefere prescrever os medicamentos que já estão disponíveis na farmácia do posto e que, na maioria das vezes, têm as mesmas finalidades que as amostras grátis estocadas. Não é por mal que eles fazem isso. Se eles deixassem de prescrever o que está na farmácia para distribuir as amostras aos pacientes, haveria dois efeitos colaterais: o dinheiro investido pelo município na compra dos medicamentos da farmácia do posto seria disperdiçado e o paciente ficaria dependente da amostra, para a qual não haveria fornecimento continuo garantido naquele posto, e, em algum momento, o paciente se veria obrigado a usar de seus próprios recursos para adquirir aquele medicamento. O que o médico pode fazer, no máximo, é oferecer uma amostra a um paciente para testá-la, quando o referido medicamento não for dispensado no posto, o paciente realmente precisar dele e não tiver dinheiro para comprá-lo em uma drogaria comercial.

 Quando o paciente vai a um especialista, como um cardiologista, por exemplo, este costuma querer “dar um tiro de canhão”, prescrevendo os medicamentos de última geração mais caros e mais difíceis de serem encontrados no mercado. Eles podem até resolver o problema do paciente, mas, como esse especialista não vinha acompanhando o problema do paciente desde o princípio, ele não tem como saber se o paciente obteria melhoras com medicamentos mais simples e mais baratos fornecidos nos postos de saúde ou não. Aí é que se torna importante o papel do médico de família, para estabelecer o equilíbrio e o bom senso. Nos pacientes com hipertensão arterial, por exemplo, deve-se, como diz o adágio popular, “comer pelas beiradas”. Ou seja, começar com os anti-hipertensivos mais simples de primeira geração que estiverem à mão, como o captopril, a hidroclorotiazida e o atenolol, por exemplo. Ajustar as doses ou trocar os fármacos, se necessário. Se o paciente apresentar acessos de tosse incoercíveis, trocar o captopril pelo losartan. Partir para o nebivolol e o olmesartan, por exemplo, apenas em último caso. 


Na maioria das vezes, essa tática de “começar por baixo” dá certo. Afinal, você trataria uma simples infecção de garganta com imipenem, que é um dos antibióticos de última geração mais usados em UTIs??? Acho que não. Em se tratando de antibióticos, o bom senso é imprescindível. Não se deve prescrever um antibiótico avançado X antes de submeter o paciente ao antibiótico de escolha Y para a infecção que ele enfrenta, sob pena de estar selecionando cepas bacterianas resistentes ao antibiótico X, invalidando sua eficiência a curto ou médio prazo. Ou seja, o antibiótico X logo ficaria desgastado e a infecção não cederia mais com ele nem com outro antibiótico inferior.
  
Trocando em miúdos, na hora de prescrever e tratar, é fundamental bom senso para escolher a ferramenta mais simples e mais acessível que melhor se encaixe ao problema em questão. Se você gastar uma ferramenta grande em um problema pequeno, vai faltar ferramenta quando aparecer um grande problema.


Dedico a postagem de hoje aos representantes dos laboratórios farmacêuticos, que estão sempre nos visitando, em nossos mais diversos ambientes de trabalho, nos deixando a par das novidades da indústria farmacêutica, dos preços das medicações no comércio e de onde encontrá-las. Meus parabéns a todos eles, com muita saúde e alegria de viver. Que Deus os proteja, em seus ofícios.

“Tudo me é permitido, mas nem tudo me convém.”
I Cor 6,12







Um comentário:

  1. Olá Ynot !!!

    Parabéns pela homenagem aos representantes dos laboratórios ! Mais uma vez você foi muito feliz na escolha do tema, pois mesmo trabalhando em um agregador de notícias, não vi ninguém postando sobre o dia do propagandista :)
    Gostei muito de todas as informações que nos trouxe, para mim que não faço parte deste mundo, seus esclarecimentos foram muito interessantes e úteis, acho muito legal sabermos mais sobre o dia a dia das profissões.
    Deixo aqui meus parabéns a todos estes profissionais citados !

    Grande abraço e boa semana :D

    ResponderExcluir

Parciais apurados em impostos - Fortaleza e Brasil