Como diria o filósofo, o show acabou e vamos tentar retomar as rédeas da realidade. Neste mês de julho, de um jeito ou de outro, caímos na real, principalmente após o fim da Copa do Mundo de Futebol. Nossas mazelas, que nunca deixaram de se fazer presentes, voltam à baila, nos meios de comunicação. Além disso, nossa moeda, o Real, completa vinte anos de vigência. Ela já não é mais tão forte como outrora, mas vem se mantendo, de um jeito ou de outro.
Sobre aquela fatídica partida entre Brasil e Alemanha, válida pelas semifinais, os brasileiros começaram bem. Eles começaram atacando o adversário, mas não souberam administrar adequadamente a posse de bola e deixaram a defesa bastante permeável. Houve quem dissesse que tudo aconteceu porque Neymar e Thiago Silva não estavam em campo e porque Fred não estaria jogando tão bem pela seleção como costumava jogar pelo Fluminense. Não costumamos observar individualmente o desempenho de cada jogador em campo. Costumamos observar mais o desempenho global do grupo. Por isso, não podemos julgar se Fulano, Sicrano ou Beltrano jogou bem ou jogou mal.
Já esperávamos um jogo difícil contra a Alemanha, mas não ao ponto de parecer entregue de bandeja ao adversário. O jogo foi justo. A arbitragem foi justa. Uma goleada de 7 a 1 era de se esperar em uma partida entre a Alemanha e um país com pouca ou nenhuma tradição no futebol, mas não contra o Brasil. Para os alemães, aquela vitória deve ter sido como uma revanche dupla pela final de 2002. Aquela seleção de camisa amarela não era a Seleção Brasileira que conhecemos em campo. Parecia mais a equipe de reserva de algum time da série C ou D do Campeonato Brasileiro.
Não é fazendo mau agouro, mas essa formação atual da Seleção Brasileira de Futebol sempre nos inspirou preocupação. Ela nunca foi infalível, mas nunca nos pareceu tão fragilizada. Nunca imaginamos que adversários que poderiam ter sido melhor encarados, como Croácia, México, Chile e Colômbia, por exemplo, pudessem ter dado tanto trabalho. Nem de longe, essa formação nos empolgou como aquelas que disputaram as copas de 1994, de 1998 e de 2002. Só o fato de ter conseguido chegar às semifinais com essa formação já é lucro.
A Seleção Brasileira, desculpem-nos, mas ela não nos representa. Talvez voltemos a acreditar nela um dia, quando conseguirmos reunir novamente nomes como Taffarel, Dida, Zetti, Dunga, Bebeto, Romário, Mauro Silva, Cafu, Branco, Márcio Santos, Ricardinho, Aldair, Leonardo, Júnior Baiano, Denilson, Edmundo, Rivaldo, Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho e Kaká, por exemplo. Mas, como talvez isso não seja possível, teremos de dar um voto de confiança às novas gerações. Como os adversários estão se renovando, temos que nos renovar também.
Não culpamos de todo o senhor Luís Felipe Scolari pelo mau desempenho da seleção. Ele fez sua escalação e armou o time da maneira que achou mais prudente e mais conveniente, de acordo com seus conhecimentos técnicos, com sua experiência profissional e com seu bom senso. Se ele tivesse dado ouvidos às opiniões da imprensa, poderia ter também dado tudo errado e ele acabaria sendo crucificado, do mesmo modo. Não existe receita absoluta de sucesso para montar um time infalível. Não podemos culpá-lo por ter convocado X e ter deixado Y de fora. Jamais saberemos se isso fez a diferença ou não. Como na Copa de 98, por exemplo, nunca saberemos se o fato de Romário ter sido substituído fez diferença ou não.
Se pudéssemos fazer uma pergunta ao técnico da Alemanha, perguntaríamos se eles aplicaram alguma tática especial contra o Brasil ou se eles jogaram do jeito que sempre estão habituados a jogar, pois só mesmo com algumas boas doses de chope para ajudar a deglutir bem um resultado desses.
Lamentamos pelas crianças, que certamente nunca viram o Brasil ser campeão. O jeito é levantar a cabeça agora é seguir adiante, porque temos, na vida pessoal, problemas a serem resolvidos e metas a serem atingidas.
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