Ultimamente, tenho me sentido meio blue, como dizem os norte-americanos, muito ocupado com o trabalho e sem inspiração para sentar e escrever algo aqui. Depois quero escrever mais sobre esta minha condição. Por enquanto, não posso dar o braço a torcer e permitir que minha mente esfrie e desacelere.
Tenho conseguido, pelo menos, me sentar, de vez em quando, e ler alguma coisa, sobre os mais diversos assuntos, inclusive sobre minha área de trabalho. Eu me mantenho abastecendo minha mente com novas ideias, jogando tudo dentro do liquidificador para bater e ver o que sai. Provavelmente vão sair mais pensamentos dadaístas.
Há dias em que, de fato, minha cabeça fica parecendo um liquidificador, de tanto rodar, cheia de idéias, de lembretes e de compromissos, que eu passo e repasso o tempo todo para ver se de nada esqueci.
Uma coisa interessante que eu li esses dias e que me fez pensar na minha condição foi uma matéria publicada em uma revista de circulação nacional versando sobre o perfil de profissional que o mercado de trabalho procura, mais precisamente para as áreas de engenharias, economia e administração. Ele quer um profissional que, além de ser bem formado e bem qualificado em sua área de atuação, tenha uma rica trajetória pessoal e profissional, que inclua trabalhos voluntários e viagens ao exterior, seja versátil e saiba lidar com áreas indiretamente ligadas à sua área de atuação, como gestão de pessoas, marketing e meio ambiente.
Isto também me faz pensar que chegamos a um estágio da história em que as grandes empresas parecem querer ditar as tendências da sociedade, moldando as formações pessoal e profissional de cada cidadão, chegando ao ponto de fiscalizar o que ele faz ou deixa de fazer fora do trabalho, especialmente nas redes sociais. Depois eu preciso escrever mais sobre isso.
Voltando ao assunto, a matéria a que me referia não falou sobre a área de saúde. Motivo: não há tanta competitividade e exigência para quem vai trabalhar na saúde, o que pode ser bom, mas também pode ser ruim.
Você já parou para pensar porque tantos jovens que concluem o ensino médio ainda querem entrar em uma faculdade de medicina? Eu explico: porque, na medicina, o funil fica lá no começo da carreira, na entrada para a graduação. Quem consegue ultrapassar essa barreira, digamos que, aparentemente, está feito(a) na vida, embora atravessar os seis anos de curso não seja tarefa fácil, mas que é realtivamente bem recompensada no final.
Quem consegue entrar em uma faculdade de medicina, ao sair, ainda conta com emprego garantido e com salário relativamente razoável, para um começo de carreira. A competitividade durante a graduação e depois dela é realtivamente baixa, a não ser entre aqueles que desejam ingressar em um programa de residência médica a fim de se tornarem especialistas, principalmente em áreas mais difíceis e mais promissoras, como anestesiologia, por exemplo. Enfim, a medicina leva vantagem porque o médico recém-formado tem melhores perspectivas, à curto prazo, do que os recém-formados de outros cursos.
Já aqueles jovens egressos do ensino médio que optarem pelas áreas de humanas e de exatas não encontrarão grandes dificuldades para passarem nos vestibulares. Entretanto, vão sofrer um pouco durante o curso, porque a competitividade interna é alta, porque eles já sabem que vão enfrentar maiores dificuldades para se colocarem no mercado de trabalho após formados. Então, desde já, precisam "rechear" seus currículos.
São carreiras que não deixam de valer a pena, porque, aqueles que conseguirem cruzar as peneiras que os esperam nos finais de seus cursos têm chances de serem muito bem recompensados, à médio ou longo prazo, talvez até mais bem recompensados que a maioria dos médicos. Estes, em sua maioria, já começam as carreiras faturando salários de quatro dígitos, mas dificilmente passa disso, com o passar de tempo.
Em contrapartida, os formados de outras áreas têm chances de iniciar carreira faturando quatro ou cinco dígitos, e a tendência é aumentar. É o que ocorre na área do direito, por exemplo. Para a maioria dos bacharéis recém-graduados, não resta outro caminho a não ser os concursos públicos para as defensorias públicas, procuradorias, ministérios públicos e tribunais de justiça. Aqueles que conseguirem passar nesses certames, cujas chances de aprovação seriam mais ou menos as mesmas de um garoto qualquer da nossa periferia vir a ser artilheiro do Real Madrid um dia, terão grandes perspectivas profissionais, faturando salários de cinco dígitos, fora algumas regalias.
Não quero com isso dizer que, na medicina, não há competitividade, dentro ou fora da graduação. A competitividade existe, mas é menor do que em outras áreas, porque estamos todos praticamente nivelados por cima. Isto nos leva a, praticamente, por vezes, nos acomodarmos em nossa formação profissional e intelectual, porque já temos uma coisa como certa no final.
Depois eu quero conversar melhor sobre essa questão dos nossos salários, da carreira de Estado e do Ato Médico.
Já que eu batizei esta postagem como "Liquidificador", que acabou ainda não fazendo uma mistura homogênea como eu queria, eu deixo aqui um vídeo de uma canção que fala sobre segredos de liquidificador, mais ou menos o tipo de segredo que costumno contar neste espaço.
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Passando para conhecer o teu Blog!!! Também participo da Cia dos Blogueiros!!! Bjs
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