Fenômeno interessante que temos percebido em Copas do Mundo é que a imprensa e os torcedores se valem muito das histórias pregressas das seleções. Para eles, as glórias do passado pesam muito, por mais distante que aquele passado esteja. Os torcedores do Uruguai, por exemplo, apesar de não terem começado bem esta competição, estão muito confiantes, pelo simples fato de terem vencido a Copa de 1950 em terras brasileiras, depois de derrotarem o Brasil, no Maracanã.
Sempre assim. Algumas seleções são tomadas como favoritas e são temidas e respeitadas, porque foram campeões do mundo, pelo menos uma vez, como Inglaterra (1966), França (1998) e Espanha (2010), por exemplo, estiveram muito perto de ser campeões, como Holanda (a eterna "Laranja Mecânica" e seu "carrossel", vice-campeã em 2010) e Hungria (vice-campeã, em 1954), por exemplo, tiveram desempenhos excepcionais, nas edições das quais participaram, como Camarões, Chile, Croácia (3º lugar em 1998, sua primeira copa), Suécia (deu trabalho para o Brasil, em 1994), Noruega (com seu "jogo aéreo", em 1998), e Dinamarca (a "Dinamáquina" de 1986 e 1998), por exemplo, ou receberam medalhas de ouro em Jogos Olímpicos (coisa que o Brasil ainda não conseguiu), como Uruguai (1928), Nigéria (1996) e México (2012).
Além das seleções supracitadas, muitas outras representam países onde se joga futebol de maneira bastante expressiva. Na verdade, todas as seleções que participam das copas têm talentos que não merecem ser desprezados. Por isso, elas estão lá e só por terem conseguido chegar lá merecem ser consideradas vencedoras. Algumas delas se destacam e assustam apenas pelas glórias do passado que estão por trás das grandezas de seus nomes, mas nem sempre suas glórias e suas grandezas se convertem em potência em campo e nem sempre produzem resultados positivos.
Algumas das seleções tidas como favoritas frustraram. Portugal, que conta com Cristiano Ronaldo, tido como o melhor jogador de futebol do mundo na atualidade, e Espanha, atual campeã mundial, que também conta com alguns nomes de peso em seu elenco, por exemplo, não tiveram os desempenhos esperados em campo, e esta última já está praticamente desclassificada. Por outro lado, a Costa Rica, que está em seu quarto mundial, se mostra promissora, depois de ter vencido o Uruguai, por 3 a 1, de virada, no último dia 14, na Arena Castelão, em Fortaleza.
As seleções já não são mais as mesmas, tampouco os contextos em que estão imersos. São mundiais diferentes que são disputados por jogadores diferentes, que se apresentam em campo com corpos e almas diferentes, correndo atrás de bolas diferentes, apitados por árbitros diferentes, acompanhados por públicos diferentes, com opiniões diferentes, por meio de tecnologias diferentes, em terras diferentes, com climas, temperaturas e vegetações diferentes, enfim, sempre surgem maneiras diferentes de jogar futebol.
Então, como diria a filosofia popular e sábia, "uma andorinha só não faz verão", "quem vive de passado é museu" e "águas passadas não movem moinhos".
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