"E faz que a todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e servos, lhes seja posto um sinal na sua mão direita, ou nas suas testas, para que ninguém possa comprar ou vender, senão aquele que tiver o sinal, ou o nome da besta, ou o número do seu nome."
Apocalipse 13,16-17
Há algumas semanas, um candidato à presidência da República fez uma promessa de campanha um tanto inusitada e revolucionária: tirar os nomes dos brasileiros das listas negras de restrição ao crédito por dívidas, sendo as mais conhecidas SPC e Serasa, por exemplo. Há também o índice Score, que estima a probabilidade de um consumidor manter em dia seus compromissos financeiros. Aparentemente, seria um gesto que demonstraria boa e nobre vontade do candidato e uma medida bastante benéfica e interessante, mas que gerou polêmica, ao mesmo tempo em que adquiriu extensa popularidade. Como o governo poderia executá-la, se esses serviços de proteção ao crédito são mantidos por empresas privadas, especialmente instituições financeiras, no sentido de resguardar as seguranças financeiras delas próprias e da economia nacional? Seria essa a melhor solução para os problemas financeiros das pessoas? Essas políticas de restrições aos créditos para pessoas inadimplentes não deixam de ter um papel educativo, no sentido de estabelecer limites às pessoas, forçando-as a uma reeducação financeira, além de refrear o consumo excessivo e irresponsável e o crescimento da inflação.
Enquanto isso, o cidadão comum está sempre diante de um dilema: manter o nome limpo ou a alma limpa. Como o CPF é um instrumento de controle do Estado e de outras forças maiores sobre o cidadão, sempre requisitado em muitas situações, não seria o CPF, na verdade, a tal marca que a besta apocalíptica estabeleceu para reconhecer e subjugar seus súbitos??? Para existir, fazer qualquer coisa ou, simplesmente, viver em sociedade, o cidadão brasileiro precisa de um número de CPF válido. Noutros países, os cidadãos têm alguma numeração similar como meio de controle, ao invés de um código de barras na pele. Muitas crianças brasileiras nascidas neste século já saíram das maternidades com seus CPFs impressos nas certidões de nascimento e, teoricamente, já são monitoradas pela Receita Federal, desde cedo. Tudo está atrelado ao CPF, desde o título de eleitor, passando pela CNH, até a certidão de óbito. Ou seja, ele é a coluna de sustentação do indivíduo na sociedade. E torna-se cada vez mais difícil para o cidadão comprar o que necessita para suprir suas necessidades mais básicas sem se endividar. O que se pode esperar disso???
Tenha um bom final de semana, se tiver créditos suficientes para dele usufruir.
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Texto muito elucidativo e orientador. o consumo excessivo e desenfreado...mundo capitalista. O ser humano está involuindo, voltando a ser selvagem, quebrando regras estabelecidas para se conseguir viver em sociedade. A lei do mais forte...do mais esperto...triste fim
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