Você deve ter visto notícias recentes de diversas greves deflagradas quase que simultaneamente, no Brasil e no exterior. Muitos setores essenciais em nosso país estão parando, um após o outro. Transportes coletivos, universidades federais, embaixadas e consulados brasileiros no exterior, usinas de processamento da cana-de-açúcar e até a Polícia Federal está enfadada de trabalhar na defesa da ordem no Estado que se diz "Democrático de Direito" e ser mal recompensada por isso.
Como você vê, aos poucos, o Brasil para de funcionar, porque ninguém aguenta mais fazer papel de idiota, servindo uma nação multimilionária que não nos recompensa devidamente pelo nosso trabalho. A grande maioria de nós não vê a cor dessas riquezas.
Acho inadmissível que alguém ainda pense em crescimento econômico do Brasil, enquanto nossa qualidade de vida cai drasticamente, dia após dia. Pagamos impostos demais e não temos o devido retorno. As imagens acima são apenas uma amostra das muitas instituições e setores que dependem do poder público para sobreviver. O poder público tem recursos suficientes para honrar seus compromissos e sustentar os seus setores de maneira decente. Por que não o faz???
O cidadão está começando a cruzar os braços porque está vendo seu vizinho fazer o mesmo e está sendo encorajado por aquela atitude. Mas ele não o faz em solidariedade ao vizinho. Ele cruza os braços pensando em sua própria situação.
Não quero fazer panfletagem político-partidária, tampouco incentivar a anarquia, mas parece que vamos ter que parar o Brasil mesmo. Não queria que o Brasil parasse, mas, se um ou se alguns param, fatalmente os demais terão de parar, em algum ponto, cedo ou tarde. Afinal, ninguém devia acabar sendo atropelado. Nós dependemos uns dos outros para trabalhar e para viver, mas a maioria de nós não sabe disso. Você sabe como funcionam as coisas por aqui, cada um só pensa no seu.
Você deve se lembrar do caos gerado pela última vez que policiais entraram em greve no Ceará. Sem polícia nas ruas, ninguém trabalha, ninguém vive, ninguém faz nada. Não há paz. Há um apocalipse, isso sim. Nessas circunstâncias, é melhor parar tudo. Todo mundo para casa, trancando bem as portas e janelas e descendo para os abrigos antiaéreos. E nós ainda não terminamos aquela conversa.
Peraí, por que o Brasil está parando mesmo??? Foi só porque eu puxei a cordinha no teto que aciona a campainha??? Duvido. Os ônibus de Fortaleza já iam parar de qualquer jeito, mesmo que eu não pedisse. Sou grato à Deus por não mais depender dos transportes coletivos para me deslocar pela cidade, mas solidarizo-me profundamente com aqueles que deles ainda dependem. Sei como é difícil a vida para eles, principalmente para os órfãos do saudoso e lendário Paranjana, que cruzava a cidade, indo e voltando, até ser aposentado, há cerca de um ano e meio. Fez falta???
Então, parem o Brasil, que eu quero descer. Talvez um dia, quando o enjoo passar, eu suba de novo. De tanto parar, onde é que nós vamos parar???
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