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A Pandemia pode ter passado, mas, onde você estiver, não se esqueça de mim.

A Pandemia pode ter passado, mas, onde você estiver, não se esqueça de mim.
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Falando em Pandemia, ela se foi, mas o Coronavírus continua entre nós, fazendo vítimas.

Falando em Pandemia, ela se foi, mas o Coronavírus continua entre nós, fazendo vítimas.
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quinta-feira, 21 de junho de 2012

Dança da chuva


                       Você já deve ter visto notícias recentes sobre a atual estiagem no Nordeste do meu Brasil, que sempre foi uma região quase que total e tradicionalmente semi-árida, mas, nem por isso, menos fértil que outras regiões do país. Este ano, parece que a estiagem é mais séria que outrora. Eu, que moro numa capital, percebi que tem chovido bem menos do que em outros anos, imagine os moradores dos sertões, que sentiram que as chuvas escassearam, e cujas vidas sempre foram difíceis.

                       Só para você ter uma ideia, o pai de um amigo meu tem uma fazenda em Tauá, cidade que fica no outro lado do Ceará, no chamado Sertão dos Inhamuns, próximo à divisa com o Piauí, tradicionalmente um dos rincões mais secos do Nordeste, e está tentando vender suas cabeças de gado, ao preço de mais ou menos mil reais cada, devido à falta de subsídios para manter os animais. Eu soube que ele ainda conseguiu vender algumas cabeças para pecuaristas de outros Estados vizinhos, cuja situação é mais amena. Eu só não comprei também porque não tenho recursos, como dinheiro, tempo e local adequado para guardar o bovino.

                       Enquanto aqui chove de menos, noutros cantos chove demais, sempre deixando rastros de destruição. Aqui, quando a chuva chega, como eu acho que havia comentado antes, ela também chega "di cum força".

                       Enquanto isso, vê-se um escândalo no Banco do Nordeste, ou melhor, um conjunto de escândalos em um só, fazendo algumas cabeças rolarem, após denúncia veiculada pela revista Época, acusando membros da cúpula administrativa do banco de envolvimento com o famoso esquema do "mensalão", no meio do qual, alguém foi detido em um aeroporto, transportando dinheiro escondido na cueca, além de envolvimento com esquemas de desvios de verbas que seriam destinadas a financiar construções de banheiros em imóveis de moradores humildes do sertão e a financiar compras de veículos por lojas do ramo que solicitaram empréstimos ao banco, mas, ao invés disso, aqueles recursos teriam sido aplicados em algum partido político.  

                       Como você vê, o Banco do Nordeste, que deveria estar sendo uma tábua de salvação para ajudar a manter o crescimento econômico do meu Nordeste, em momentos difíceis como este, pelo qual estamos passando, não está cumprindo seu dever, porque pode estar sendo minado pelo egoísmo.


                       Você deve ter tomado conhecimento de que, no começo desta semana, estreou na TV Globo, o remake da novela "Gabriela, cravo e canela". Pois bem, fora aquele jeito peculiar de Jorge Amado descrever o cotidiano do povo de sua terra, metaforizando o povo brasileiro em geral, usando a linguagem regional e com boa dose de erotismo, elementos que transparecem parcialmente na versão televisionada do livro, o que mais me chamou a atenção foi uma cena em que um coronel influente em Ilhéus, cidade que visualmente me fez lembrar um pouco de Camocim, no litoral norte do meu Ceará, procurou um padre e pediu que este organizasse uma procissão que contasse com a participação de todos os habitantes da cidade e que fosse oferecida em honra à um santo que intercedesse junto à Deus para que fizesse chover naquelas terras, haja vista que a produção de cacau estava ameaçada pela seca. Segundo a crença deles, um ritual religioso como uma procissão, por exemplo, agradaria aos céus e estes deixariam a chuva cair.


                        Esse pensamento me faz lembrar aqueles rituais primitivos, métodos que o homem desenvolveu, ao longo de sua história, para tentar interagir com a natureza e com o sobrenatural, considerando que suas divindades teriam influência total sobre as manifestações meteorológicas da natureza.  Bom exemplo disso é a famosa dança da chuva, um ritual de transe e de interação com a natureza e com o sobrenatural, para pedir chuvas, um ritual que ficou consagrado pelos índios norte-americanos, mas que também é praticado noutras partes do mundo, inclusive no Brasil. Outras maneiras pelas quais algumas civilizações procuravam interagir com a natureza e com o sobrenatural, tentando agradá-las para que satisfizessem-lhes as vontades, eram os sacrifícios de animais e até mesmo de humanos.

                        Não cabe a mim dizer se aquelas crenças têm sentido ou não. Eu apenas as considero curiosas. Mais curioso ainda é ver que crenças desse tipo ainda resistem, grosso modo. Resistem no hábito de fiéis católicos em diversos lugares do mundo tentarem negociar com Deus a obtenção de algumas graças pessoais por meio de promessas oferecidas aos santos, como ao Menino Vaqueiro ou Negrinho do Pastoreio e à São Longuinho, tidos como especialistas em encontrar objetos perdidos, e também à Santo Antonio, tido como santo casamenteiro, para o qual, como eu falei, faz-se uma das maiores festas em sua homenagem, em Barbalha, sul do Ceará

                        Há pouco mais de dois anos, publiquei uma postagem no Consciência Acadêmica preocupado com essa secura que assola nossa região. Naquela postagem, anexei um vídeo da canção "Súplica cearense", de Luiz Gonzaga, regravada mais recentemente pelo grupo O Rappa. Pois agora, encerro a postagem com um vídeo de "Súplica cearense", na voz do próprio Lua acompanhado por Fagner. Deixo também a canção "Chove chuva", por Jorge Ben Jor, fazendo aqui minha dança da chuva, para trazer bons fluidos no ar para minha terra.





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