A imagem acima retrata a sagração de dom Pedro II como Imperador do Brasil, em 1840, quando ele estava prestes a completar quinze anos. Por meio de uma articulação entre os principais grupos políticos da época, o príncipe foi, em situação de emergência e de exceção, declarado maior de idade, a fim de que ele pudesse ascender ao trono imperial e, assim, pôr termo ao período regencial, restaurando o poder central e a ordem social.
No campo educacional, há situações similares à de dom Pedro II. São adolescentes que requerem maioridade antecipada, do ponto de vista acadêmico, traduzida pelo merecimento da ascensão precoce ao Ensino Superior, e apresentam bons motivos para suas reivindicações.
Você soube, por exemplo, que um adolescente de apenas quinze anos foi aprovado para ser admitido em um curso de medicina, após apresentar um desempenho excepcional, nas provas do último Enem??? Pois bem, esse rapaz é de Sobral e ele é primo de uma de minhas companheiras de faculdade. Apesar de não haver concluído o Ensino Médio, de maneira regular, ele conseguiu autorização para efetivar sua matrícula, na mesma escola de medicina em que me formei, há alguns anos.
Afinal de contas, para que serve o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio)??? Serve para, teoricamente, aferir os conhecimentos adquiridos pelos jovens que estão concluindo ou que já concluíram o Ensino Médio, não é mesmo???
Se esse rapaz conseguiu obter uma pontuação consideravelmente acima da média, nas provas do ENEM, o que lhe permitiu ser aprovado para o curso de medicina da UFC (Universidade Federal do Ceará), no campus de Sobral, o que, diga-se de passagem, não é uma façanha fácil de realizar, além de ter sido bem sucedido, ao se submeter à uma prova extraordinária, aplicada em seu colégio, por sugestão do Conselho de Educação do Estado do Ceará, a fim de medir seus conhecimentos acerca de todo o conteúdo didático do Ensino Médio, sem deixar sombras de dúvidas, então ele conseguiu provar que já aprendeu tudo que deveria ter aprendido, no Ensino Médio, e que o colégio já não tem mais o que ensinar a ele, pelo menos em relação ao aprendizado didático.
Assim, não há mais sentido em segurar o prodígio mancebo no colégio, por outros dois anos. Ele tem o direito de seguir adiante e entrar na universidade, ainda que precocemente. Se ele tem maturidade suficiente para ser um universitário, se ele terá um desempenho acadêmico na faculdade tão bom como teve na escola e se ele terá maturidade suficiente para ser um bom médico, quando ele se formar, por volta de seus vinte anos, somente o tempo revelará.
Seja como for, este jovem sobralense é um cara de sorte. Ele parece ser bem determinado em suas escolhas, apesar da tenra idade. Ele conseguiu um crédito de dois anos de formação profissional, ao contrário de uns e outros, que, depois de deixarem o colegial, desperdiçaram alguns anos. Admiro-lhe a atitude. Espero ter a oportunidade de cumprimentá-lo, um dia.
Vi algumas de suas fotos publicadas em páginas de notícias, e ele parece um pouco este que aqui escreve, quando contava quinze anos. Este blogueiro diletante também foi um dos melhores alunos de seu colégio, em sua época, mas não tinha um desempenho tão excepcional a ponto de ousar tentar a mesma façanha desse garoto de Sobral, que deve ter nascido mais ou menos na época em que o blogueiro entrava na última temporada do seu Segundo Grau. Conversaremos mais noutra oportunidade sobre minha vida escolar. Ainda bem que não fui um dos colegas de colégio desse rapaz, nem serei um de seus colegas de faculdade, senão me sentiria acanhado e constrangido, principalmente se alguém viesse me reclamar por não me esforçar para ser igual a ele.
Não é a primeira vez que acontecem casos especiais de adolescentes que prestam vestibular e são aprovados, antes mesmo de concluírem o Ensino Médio, outrora nomeado Segundo Grau. Muitos deles precisaram se valer de ações judiciais, para conseguirem se matricular nas universidades em que foram aceitos. Este ainda é um tema polêmico e que divide opiniões. Há quem diga que esse tipo de manobra é "queimar etapas", dos pontos de vista didático e psíquico. As leis não demonstram uma posição clara sobre o assunto, e não há consenso entre os legisladores. Os jovens requerentes têm obtido decisões judiciais favoráveis com base em jurisprudências.
Os estudantes que foram selecionados para as universidades federais, via SISU (Sistema de Seleção Unificada), com base em suas pontuações no ENEM, merecem ser considerados aptos a concluir o Ensino Médio por antecipação e efetivarem suas matrículas nas universidades, haja vista terem logrado êxito em uma espécie de prova mais complexa e mais elaborada, que, via de regra, não foi projetada apenas para selecionar candidatos ao Ensino Superior, mas, acima de tudo, testar as mais diversas habilidades básicas esperadas de um egresso do Ensino Médio.
Quanto aos estudantes que foram aprovados nas provas de vestibulares convencionais e individualizadas para cada instituição, infelizmente eles não têm como provar que estão aptos a concluir o Ensino Médio por antecipação, porque os propósitos daquelas provas são bem distintos daqueles do ENEM, além de serem provas, em geral, menos complexas, menos abrangentes e baseadas na velha "decoreba".
Não podemos dizer que o ENEM é um método de avaliação perfeito. Ele também tem lá suas mazelas e apresentou algumas falhas grosseiras, nos últimos anos, sobre as quais conversaremos noutra ocasião, mas é o que temos de mais parecido com os métodos de avaliação da educação nos países mais desenvolvidos.
Finalizo esta postagem, mudando da água para o vinho, fazendo alusão aos aniversários de dona Francisca, minha mãezinha, e dos 50 anos de início das gravações do LP Please Please Me, o primeiro disco dos Beatles, ambos transcorridos nesta segunda-feira, 11 de fevereiro. Nesta data, em alusão à este último evento, a rádio BBC 2 convocou alguns artistas para gravarem, dentro do prazo de doze horas, num dos estúdios de Abbey Road, todas as quatorze faixas do álbum. Os trabalhos serão transmitidos ao vivo pela emissora. Em homenagem à ambos, especialmente à minha querida mãe, deixo aqui um clipe da canção "Love me do", que ela cantava para me fazer dormir, quando eu era bebê.
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