Esta semana, as provas do SURCE, o processo seletivo unificado para os programas de residência médica do Ceará, aplicadas no último domingo, tiveram repercussão negativa e foram duramente criticadas nas redes sociais. Muitos reclamaram que a prova foi mal elaborada, que as questões estavam muito difíceis e ameaçaram entrar com recursos. Muitos dentre os que reclamaram eram alunos de cursos preparatórios para este tipo de concurso e foram tomadas de assalto, porque a forma e o conteúdo das provas vieram diferentes do esperado.
Fiz o download e dei uma olhada nas provas para as modalidades de acesso direto e de psiquiatria. Na prova de acesso direto, a maioria das questões continha enunciados com resumos de casos clínicos, por vezes, acompanhados por imagens, mas também havia algumas questões menores, com perguntas e respostas diretas. Com relação ao formato das questões, não me pareceu coisa de outro mundo, mas concordo que as questões estavam mesmo difíceis, pelo menos para mim. Se para os recém-formados e para os demais que estudaram para esta prova, ela estava muito difícil, então, para alguém como eu, que não estuda muitos dos assuntos abordados, há algum tempo, a prova estava quase que impossível. Cada um sabe onde o sapato lhe aperta, não é mesmo??? As questões da prova de psiquiatria também eram difíceis, mas a maioria delas era composta por perguntas e respostas diretas.
Conversei, por esses dias, com uma pessoa que participou da organização do certame, e essa pessoa explicou que o objetivo dessas provas, especialmente a de acesso direto, era colocar o médico num plantão de um pronto-socorro, diante de situações comuns, no cotidiano de ambientes como aquele. Por isso, a presença das questões com enunciados em formato de pequenos casos clínicos. Quiçá eles quisessem compensar a ausência de prova prática, haja vista que esse processo seletivo é de fase única. A pessoa também declarou que as questões foram retiradas dos principais livros de referência das respectivas áreas médicas, longe de serem baseadas nas apostilas dos cursos preparatórios.
Olha, eu sei que é meio chato você se matar de estudar para sair de sua casa confiante, numa manhã de domingo, e se submeter a uma prova que veio mais difícil do que você esperava e que, em princípio, frustra suas expectativas. Eu também já passei por isso, quando passei no vestibular para medicina. Não sei se o objetivo daqueles que elaboraram aquelas provas era causar esse tipo de reação. Talvez eles só viessem a ter uma ideia das consequências, quando a prova fosse aplicada. Entretanto, você há de convir que, aparentemente, não houve injustiças. As questões eram difíceis, mas foram preparadas de acordo com o conteúdo programático do edital.
Quando as provas vêm muito difíceis, elas nivelam todo mundo por baixo, porque todo mundo acerta poucas questões. Então, se você achou as provas difíceis e observou que há uma unanimidade em relação à esta dificuldade, isto é bom. Aqueles candidatos que se destacam, fazendo alguns poucos pontos acima da média, podem ter vantagens significativa, em relação aos outros candidatos, e, em geral, acabam sendo selecionados. Quando as provas vêm muito fáceis, todo mundo é nivelado por cima, porque todo mundo acerta muitas questões. Se fizer um ponto, ou uma fração disto, abaixo da média, você corre o grande risco de já estar fora do páreo. Em suma, provas seletivas muito fáceis não são boas, e provas muito difíceis, também não, mas, neste último caso, pelo menos você tem a chance de se destacar. Conversaremos mais sobre isso.
*******
Nenhum comentário:
Postar um comentário