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sábado, 3 de novembro de 2012

Último suspiro


                               Aproveito a passagem deste Dia de Finados para escrever sobre a morte, é óbvio. Entretanto, não pretendo escrever sobre a morte humana, tal como conhecemos, ou melhor, achamos que conhecemos, mas ainda não nos acostumamos com ela e ainda não aprendemos a lidar com ela.
 
                               A morte é uma ruptura natural da realidade linear que vivenciamos. Por que chamo de linear a realidade que vivenciamos? Porque o tempo é unidimensional, ele flui irreversivelmente em velocidade constante, embora, por vezes tenhamos a impressão de que ele flui mais rápido ou mais devagar, mas sempre em direção e sentido únicos.

                               Como vivemos dentro do tempo, não dá para ir para os lados, para cima, para baixo, para frente ou para trás. Vivemos no presente, portanto só podemos ver, ouvir e sentir o presente, que é constituído por aquele pedaço de mundo que está ao nosso redor e que está ao alcance dos nossos sentidos. Não podemos captar o que estiver além deste nosso campo de alcance dos sentidos. Podemos relembrar o passado, mas não podemos revivê-lo plenamente, aqui e agora. Podemos imaginar o futuro, mas não podemos antecipá-lo.

                               Vivemos presos a este plano, o plano presente, que é móvel. Ele se movimenta com o tempo até um limite estabelecido por Deus para cada um de nós. Atingido o fim da linha, saímos deste plano e saímos da linha do tempo. O que acontece daí por diante, é por conta de cada um.

                               No tocante ao que acontece após a morte, a humanidade sempre buscou respostas para esta dúvida, em todas as fontes possíveis, mas nunca se chegou a um consenso. As religiões oferecem respostas parecidas, desde a triagem de pessoas falecidas para destinos, como um paraíso, um purgatório ou um inferno, por exemplo, até a possibilidade de que os mortos voltem a este mundo com outras identidades, nascendo novamente e passando novamente por todo um ciclo de vida. No entanto, nada disso parece satisfazer o ser humano, sempre em busca de respostas. Respostas estas que ele busca pela ciência, pela fé e pela supertição. Nunca se chega a uma conclusão.

                               Há quem se acomode e prefira não pensar a respeito disso, se preocupando em viver apenas em função da vida neste planeta. Quem pensa assim, em geral prefere considerar que, fora deste plano, nada existe, e que a morte é o fim mais absoluto de tudo.

                               Por outro lado, há quem queira fugir dessa ideia de finitude absoluta e se apegar à ideia reconfortante da transcendentalidade do ser humano, cujas fronteiras foram abertas por alguém que sabia que existem terras "além-mar", onde, como escreveu Pero Vaz de Caminha, em sua primeira carta ao rei de Portugal, relatando o encontro com terras que viriam mais tarde a serem chamadas de Brasil, "em se plantando tudo dá", e que nos convida a ir explorar aquelas terras, quando chegar nossa hora de partir.        

                               A morte não deixa de ser como um sequestro. A maioria dos que se eternizam são como que arrebatados deste mundo, quando menos se espera, à revelia, sem serem consultados, sem serem avisados, e são levados para local ignorado, deixando muita coisa pendente para trás e muitas perguntas sem respostas. Neste caso, há uma ruptura total com este mundo e com quem nele fica. Não há forma de contato alguma. Não há pedidos de resgate. Temos que nos acostumar com isso. Temos que aceitar essa perda de contato com nossos entes queridos. Temos que aceitar que cada um de nós, tanto do lado de cá como do lado de lá deve seguir adiante com suas vidas. Temos também que nos confortar com a ideia de que aqueles que partiram podem estar em situações melhores que as nossas.    

                               Quem acredita em Deus, aceita a morte, consolado pela esperança de que Deus o esteja esperando de braços abertos, porém observando que o "concorrente" também pode estar esperando de braços abertos. Qual dos abraços seria mais acolhedor??? A escolha é sua.

                               Em homenagem à esta data e àqueles que perderam seus entes queridos, deixo o vídeo desta canção de Milton Nascimento que fez sucesso, quando Tancredo Neves faleceu, pouco antes de ser empossado o primeiro Presidente da República civil, com o fim do regime militar, em 1985. Quiçá por conta disso, ele representava grandes esperanças para o povo brasileiro. Então, sua morte gerou grande comoção nacional. Surgiram boatos de que ele teria sido assassinado. Não sei se isso teria fundamento. Quem teria interesse em matá-lo, naquelas circunstâncias??? Se fosse verdade, o que o suposto assassino ganharia com isso??? Conseguiria ele prolongar a ditadura??? Depois conversamos mais sobre isso. 




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2 comentários:

  1. gostei muito deste teu texto, a morte é algo que a maioria de nós não aceita, penso que peço medo da desconhecido, mas como eu digo como o nascimento em que não temos mão deveriamos de nos preparar para algo que é tão nprmas como o nascimento
    bjs

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  2. gostei muito deste teu texto, a morte é algo que a maioria de nós não aceita, penso que peço medo da desconhecido, mas como eu digo como o nascimento em que não temos mão deveriamos de nos preparar para algo que é tão nprmas como o nascimento
    bjs

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